Muitas
mentiras de tanto repeti-las ela se tornam verdades. Uma delas é a de que a
cidadania é exercida pelo voto, sem mencionar que isolado não ajuda muito e a
prova são os sucessivos governos ruins. Também não se menciona que a principal
característica de democracia é a liberdade de escolha, o que não ocorre no
Brasil, onde ainda é obrigatório votar. O politizado Carlinhos Brown é agora o
condutor dessa “verdade” mentirosa.
Outra
inversão da realidade foi se consolidar um pensamento de que tudo que um
adversário realiza não serve ao governo da ocasião. Por conta desse raciocínio
primitivo, nenhum governo dá seguimento ao trabalho do outro e quando utiliza,
uma maquiagem é feita para parecer ser dele, ou muda de nome.
Não
precisa de genialidade para afirmar que as boas iniciativas não só deveriam ser
mantidas pelos sucessores como copiadas pelos demais. E claro que existem
algumas que nunca deveriam ser praticadas.
Alguns
exemplos que deveriam ser seguidos por todos. A criação do cartão magnético –
Bilhete Único - para passageiros pela ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy.
Agilizou a entrada nos ônibus e evitou muitas mortes de cobradores, condutores
e até de passageiros em assaltos, já que o dinheiro praticamente sumiu das
gavetas dos coletivos. Quem copiou, acertou; quem ainda não o fez, já há muito
deveria ter aderido.
As tão
criticadas bolsas de auxílio gerou uma grita só. Depois que perceberam o
acerto, como em todas as iniciativas, todos passaram a reivindicar a
paternidade da criança. Uns dizem que começou em Campinas, outros, em Goiás. O
certo é que colou como chiclete e nenhum governo consegue mais retirar. É preciso
apenas criar algumas contrapartidas, pois esse é seu principal equívoco.
Não
sei se Paulo Maluf já pode sair do Brasil sem o risco de ser preso. Mas criou o
cinto de segurança, inicialmente considerada uma verdadeira aberração, “típica
de Maluf”. Alguns erros de gestão não merecem nenhuma compensação, mas se
existisse, por essa iniciativa e pelas vidas salvas, Maluf teria uma “dívida”
bem menor junto à sociedade brasileira.
José
Serra peitou os laboratórios farmacêuticos e instituiu os remédios genéricos.
Em São Paulo, proibiu fumar em lugares fechados e de grande circulação de
pedestres. E até o defenestrado presidente Fernando Collor instituiu de vez no
Brasil o seguro-desemprego.
Pela
linha inversa, os aluguéis de imóveis e de automóveis deveriam ser evitados por
todos. Entretanto, tornaram-se a principal farra e meio de cooptação de
eleitores, especialmente nas prefeituras de cidades pequenas.
E
muitos contratos de preservação, cuja manutenção se torna mais cara do que o
próprio objeto, bem como de empresas para servirem cafezinho em gabinetes
jamais deveriam existir nem ser copiados. Quem pesquisar constatará que os
gastos de órgãos federais com garçons dariam para equipar um, ou mais, hospital
por mês.
Diferente
do contexto dito por um ministro, não basta mostrar o que é bom, é preciso
copiar sem maquiagem, culpa ou mudança de nome.
Pedro Cardoso da Costa – Interlagos/SP para o JV
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