Ninguém imagina que aquela pessoa
amada e de cara de santo seja capaz de fazer mal a uma pulga, imagine a seu
filho. Pois são sempre os mais amigos, sempre aqueles de quem menos se espera,
os mais próximos, que terminam por decepcionar a todos. São assim os relatos
nos programas de televisão, com a comprovação dos especialistas.
Independe de raça, de religião,
de filosofia de vida, não há exceção para essa modalidade horrenda de
desumanidade. Não se trata apenas de questão criminal, mesmo que não fosse
tipificado crime, ninguém em sã consciência pode usar de sua força e de outros
meios para satisfazer sua tara em detrimento do sofrimento indefeso de
crianças.
Tiram proveito exatamente dessa
proximidade para abusarem de forma continuada, amedrontar as vítimas, e até fazer
com que ninguém creia nas denúncias. Os campeões são os padrastos que, se
aproveitam da ausência dos pais e, geralmente, já dominam física e
psicologicamente às mães, que muitas vezes se omitem por comodismo, já que, por
maior que seja o medo, não pode justificar a omissão. Mas, também, tios, primos
maiores, vizinhos e, com certa frequência, os próprios pais. Mais comum aos
masculinos, embora haja relatos raros de abuso pelas mulheres.
Depois da casa, a relação maior é
na escola. Em função disso, os professores percebem mudanças no comportamento
das crianças, e têm sido crescentes as denúncias. Mas deveriam aumentar esse
cuidado e repassar sempre ao conselho tutelar respectivo para cortar o mal no
seu nascedouro.
É quase consensual de que a tara
por criança seria uma patologia. Nenhum pedófilo é maluco a ponto de fazer
explicitamente ou tornar público seus abusos. Isso é prova de que têm
consciência de seus atos. Eles procuram momentos oportunos, mesmo que criem
situações para ficarem a sós com suas vítimas. Mas há a consciência. Se fosse
mesmo doença, deveriam procurar tratamento; e não crianças para abusarem.
Sexo é mesmo muito bom, desde que
seja com desejo recíproco, condição que mesmo que existisse na criança não
ameniza a violência do pedófilo. Quando não se está a fim, sexo chega a ser
repugnante, nojento, asqueroso. Nem se fale de que a limitação física da
criança deve tornar a dor física insuportável. Além dessa, há a psicológica, a
insegurança, o desamparo e o desalento de não contar com ninguém que lhe dê
proteção.
Pode e deve a criança ser
instruída a se defender, mas a sua defesa é responsabilidade de todos,
especialmente dos pais. Então, a segurança é mais importante do que a
confiança. Ter segurança é não permitir situações em que sua criança fique
tempo suficiente para que pessoas possam abusar delas. Evitar deixar filhos com
parentes próximos; com vizinhos, nem pensar. Mas, a maioria dos abusos deixa
sequelas físicas. As mães e pais deveriam olhar e apalpar fisicamente suas
crianças. Quando mais crescidas, ou já adolescentes, atentar para as mudanças
bruscas de comportamento.
Além das denúncias, as penas
deveriam ser maiores. Nenhuma necessidade financeira ou de risco físico pessoal
pode nem deve justificar a omissão de quem tem o dever de protegê-las.
Pedro Cardoso da Costa –
Interlagos/SP para o JV
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