Em cada posse se elege um tema da
moda. Como o governo federal modificou uma lei para camuflar que gastou milhões
acima do que arrecadou, a ladainha foi corte de gastos. Agora, vai! Todo mundo
vai gastar pouco, refazer contratos.
A maioria ou está se reelegendo
ou já ocuparam o posto por anos a fio. De concreto, só o governador de Mato
Grosso do Sul já cortou o salário pela metade.
Há dezoito meses consecutivos o
crime aumenta em São Paulo. Geraldo Alckmin está no posto pela quarta vez. E a
cada posse repete que vai enfrentar a criminalidade. Serão oito anos
consecutivos. A justificativa do governador para o aumento da violência é que
agora se faz boletim de ocorrência pela internet. Mesmo que fosse verdade, que
não é, não importa para ele que os crimes já existiam de fato e apenas não eram
comunicados porque a população não dispunha de meios.
Os chamados “analistas políticos”
se deslumbram em apontar a sinalização desse ou daquele governador. Dilma
sinaliza... Os governadores do Nordeste sinalizam... Pimentel sinaliza... É uma
embromação de cumplicidade duvidosa que já transbordou a paciência do
brasileiro.
Com a sua sinceridade de sempre,
Dilma Rousseff disse que não retiraria direitos do trabalhador nem que a vaca
tossisse. Antes mesmo da posse, os direitos, se não foram retirados totalmente,
foram dificultados ao máximo. O que se adquiria num mês foi para vários meses à
frente. E encerrou o discurso de posse dizendo que no seu governo os
brasileiros só ganhariam mais, mais e mais direitos.
Costumo definir como cinismo
administrativo brasileiro. Não existe exemplo maior do que a presidenta dizer
que vai melhorar a educação e segurança escolhendo como ministro Cid Gomes e
Jaques Wagner, que deixou a Bahia como um dos estados com maior índice de
criminalidade do Brasil. E fecha com um ministro assumidamente ignorante para a
pasta dos esportes, com uma olimpíada a ser realizada no próximo ano. Com
exceção das pastas ligadas à economia, os demais ministérios não têm a menor
relevância que sejam ocupados por qualquer um. Quem escolhes três ministros
como esses não quer gestão nenhuma.
Outro mote absolutamente novo nas
posses é que agora todos vão investir para valer na educação. Agora, vai! Não
precisa pesquisa porque dá para lembrar que foi assim em todas as posses
recentes. E a juventude está concluindo o ensino médio nas chamadas escolas
públicas sem saber quais são as letras vogais e consoantes. Constato
pessoalmente essa situação todo ano. Não sabem isso dentro de um contexto de
conhecimento. De verdade, eles não sabem nada.
No Brasil, os índices de
violência são tão altos, tão altos, que deveria sofrer uma estagnação natural.
Não teriam mais como subir. Mas, seguindo os índices atuais, com a maioria
sendo os mesmos que estão governando ou já governaram, daqui a quatro anos,
mais de 200 mil brasileiros terão sido assassinados, com apuração e punição de
1% dos casos; e mais outros 200 mil terão morrido nas estradas. As crianças
ainda terminarão o ensino médio sem saber o nome de um estado e de uma capital
de qualquer região brasileira.
Caso voltemos às ruas como em
Junho de 2013, aí a coisa pode mudar. Se continuarmos exercendo a cidadania
apenas na internet e culpando os outros sem fazer nada, assim como foi em 2010,
2002, os governos nem precisarão mudar o discurso. E confirma que o dia 1º de
janeiro é o dia da mentira oficial.
Pedro Cardoso da Costa –
Interlagos/SP para o JV
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