Se alguém perguntar a qualquer
dos 27 governadores quantos órgãos existem no seu estado nenhum terá a resposta
precisa. Caso a pergunta seja feita ao governo federal ou aos chefes dos
poderes nenhum saberá a resposta. Muito menos se a pergunta for dirigida a
qualquer um dos quase seis mil prefeitos.
Cada pesquisa dá um número. Mas
seja qual for, são números expressivos.
No âmbito federal, só para
exemplificar, existem 39 ministérios, são 27 tribunais regionais eleitorais, 24
do trabalho; 5 regionais federais e tantos, só para ficar na esfera do Poder
Judiciário.
São centenas de órgãos só no
âmbito federal e cada um costuma criar pelo menos uma espécie de condecoração.
Parece haver até uma certa competitividade entre eles de quem seria mais
criativo. Alguns possuem mais de uma.
Não vem ao caso questionar o
merecimento dos beneméritos a quem as homenagens são conferidas. A questão é
não se ter conhecimento de nenhuma entrega a um cidadão comum. Teve um casal de
rua que achou e devolveu uma grana alta aos donos. Não se tem conhecimento de
ter recebido um título de cidadão de algum município.
Essas honrarias pegam bem e são
valorizadas em países desenvolvidos. Eles podem gastar com o que quiserem. No
entanto, quanto mais pobre mais se cria esse tipo de confraria.
Embora o Brasil só não costuma
imitar os países desenvolvidos nos índices de escolaridade, de IDH, na
infraestrutura básica, na limpeza dos rios. Já nos floreios, cada órgão cria
medalha, colar, anel, coroa de honra ao mérito, de reconhecimento e mais outros
confetes.
Há um predominante que leva o
nome de quem nasceu no município, que é utilizado por quase todas as câmaras e
prefeituras municipais. Câmara municipal de Pau Grande concede o título de
cidadão paugrandense ao senhor Milton Lelis, em reconhecimento ao notório
trabalho prestado ao país.
Em regra, a concessão leva em
conta apenas a fama, e não um trabalho de fato relevante à sociedade brasileira
ou mundial. Não vi nenhuma honraria ser concedida ao primeiro astronauta
brasileiro que foi ao espaço, por exemplo. No entanto, ouço sempre
apresentadores de televisão se gabando por ter recebido título de cidadão de
várias cidades.
A questão maior são as despesas.
As placas trazem custo, as solenidades um pouco mais e as passagens e
hospedagens mais ainda. Como são famosos, vêm de grandes centros distantes o
que eleva as despesas. Além disso, as solenidades precisam de muitos convidados
presentes para agradar aos beneméritos. E haja mais despesas. Muita gente nem
se importa e pode achar bobagem levantar esse tipo de questão quando milhões
vão embora nos mensalões e petrolões. No somatório não são pequenos valores.
Que fique a cargo da iniciativa
privada promover esse tipo de benevolência. A administração pública tem outras
prioridades muito mais relevantes.
Pedro Cardoso da Costa –
Interlagos/SP para o JV
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