Pedro Cardos da Costa –
Interlagos/SP para o JV
Nem mesmo o mais ingênuo policial
federal tem dúvidas de que 99% dos políticos gostariam de ver um freio na força
que a instituição conseguiu no Brasil ao passar dos anos. São operações
complexas, e a cada dia cresce a hierarquia de empresas e instituições
gigantescas pescadas pelos grampos da Federal.
Os de “baixo” regozijam-se a cada
peixe grande pendurado no “anzol” da Polícia Federal, seguindo sem espernear.
Parecem perceber o que é “ser gente”. Têm noção da enrascada que estão se
metendo, da seriedade e do preparo da Polícia Federal. Sabem que dificilmente
juízes e tribunais dóceis dificilmente terão argumentos para livrá-los de
pagarem pelo que fizeram, como a prisão domiciliar da mulher do ex-governador
do Rio de Janeiro. Só os filhos dela sentem falta de mãe.
A PF se tornou a instituição que
mais inspira confiança aos brasileiros. E está preparada para os ataques
virulentos dessa gente graúda, acostumada a comer o dinheiro da viúva
impunimente. E, também, da investida da grande mídia, convenientemente do lado
do poder político e do econômico.
Com a deflagração da Operação
Carne Fraca o corporativismo se manifesta de forma impiedosa, compreensível de
parte da mídia, pelos milhões que recebiam para exibir famosos estimulando o consumo
de carne, pouco importando se está estragada ou não. Deveriam ser cobrados por
isso quando aparecessem em público.
A crítica mais contundente seria
quanto à forma “espalhafatosa e midiática” na apresentação da Operação e da
generalização. Nenhum crítico aponta a forma e proporção corretas de como essas
apresentações deveriam ser realizadas. Nem se dão conta de que o estardalhaço é
feito pela própria mídia. São públicas, porque assim devem ser todos os atos da
Administração Pública. Essa casta brasileira não está acostumada com as ações
às claras. Se as apresentações fossem discretas seriam criticadas por falta de
publicidade. E o governo gostaria que fosse sigilosa para acobertar tudo.
Seguiria a cartilha de quem ensinou “que a gente mostra o bom e esconde o
ruim”.
Se há generalização, essa ou vem
da mídia ou de quem recebe a notícia. São poucos frigoríficos perto da
imensidão, diz o presidente da República, citando números. Sua Excelência não
menciona quantos foram investigados desse universo. E rebate apontando o rigor
na fiscalização. Se tem uma coisa que não funciona neste país é qualquer órgão
fiscalizador, a não ser a Receita Federal sobre os mortais, uma vez que os de
cima levam milhões sem nenhum incômodo.
Também se queixam da falta de
aviso prévio ao Ministro da Agricultura. É como colocar um investigado para
presidir a Comissão de Constituição e Justiça do Senado; ou a raposa tomando
conta do galinheiro. Quando a Polícia Federal agir assim, sua reputação vai
para a lata do lixo, como os políticos atuais, considerando a regra.
Como sempre no Brasil, o governo
se encarregou de tomar todas as medidas, sendo a principal, apertar a
fiscalização. Com isso, dá o atestado de que, se apertou depois das denúncias,
é porque estava frouxa.
Fala-se em casos pontuais, mas se
esquece de que no Brasil só não detecta corrupção até a chegada da Federal.
Agora, a PF precisa apenas estender as operações para pegar alguns nichos, em
especial a própria mídia, a área da medicina, da educação, e suas merendas, entre
outros.
Pior de todo o episódio foi não
demonstraram preocupação nenhuma com os 80% de consumidores internos. Todas as
preocupações, medidas e atenções foram para os 20% exportados. Por eles, os
brasileiros comeriam carne estragada pelo resto da vida.
O governo federal tem se mostrado
o principal opositor da Polícia Federal e do Ministério Público, assim como de
quaisquer instituições públicas que funcionem bem.
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