Pedro Cardoso da Costa –
Interlagos/SP para o JV
De tanto legislar mal, o Brasil
vive eternamente fazendo reformas, que os políticos e seus “analistas”, com
muita empáfia, acrescentam o adjetivo “necessárias”.
Esse vai e vem dificulta até na
fixação de regras pelos cidadãos, devido às mudanças contínuas.
De novo, os políticos, tão bem na
fita atualmente, insistem na reforma da Previdência Social. Essa insistência é
acompanhada pelos “especialistas” da mídia ou convidados por ela. Eles parecem
articulados a difundir uma culpa antecipada à sociedade: ou aceita as mudanças
ou o país quebra. Não se dão conta de que, depois dos áudios dos delatores, a
primeira pergunta seria qual empreiteira está bancando a Reforma da
Previdência.
Por que quebraria ou já está
quebrado o país?
Ninguém faz essa pergunta e tampouco
respondem. Esse ponto tão relevante fica absorvido por outra artimanha que
sustentavam os crimes de políticos, o tal do “o que passou, passou”, importante
é daqui para frente.
Primeiro, o governo federal e
todos os demais precisam abrir as contas de forma transparente e nem isso
fazem. A Lei de Acesso à Informação é mais uma a não sair do papel.
A reforma tão desejada pode ser
feita, mas apenas depois de os governos pararem de pagar horas extras para
encher bolsos de camaradas; de pagarem aluguéis, absolutamente desnecessários,
de carros, de imóveis e tudo o mais. E já até calaram sobre a extinção dos
milhares de cargos comissionados. Esses gastos fazem a alegria de alguns
grupos, inclusive daqueles de imprensa em postos de “assessor de comunicação”.
Todo órgão público, até de existência própria questionável, possui uma
assessoria de imprensa para distribuir notas. Advinha para quem?
Já é de conhecimento geral uma
dívida do empresariado com a Previdência Social da ordem de 420 bilhões de
reais. Não se fala em cobrar e reaver esse dinheiro de alguma maneira antes de
maltratar mais uma vez os cidadãos. Afinal, não é por acaso que as empresas
doavam milhões de dólares para as campanhas eleitorais.
Eu assino embaixo a reforma da
Previdência, com todos os requisitos que o governo sugere. Mas, depois, apenas
depois, de cobrar a dívida dos devedores, de acabar com todos os incentivos e
isenções fiscais – e a Lava-Jato desvenda agora a que preços – ao empresariado,
depois de receber tudo dos clubes de futebol, depois da cobrança de impostos de
igrejas e demais isentos, depois de acabar com as verbas de gabinetes de
deputados, depois de acabar com carros oficiais para tudo quanto é
gato-pingado, depois de vender todas as moradias e extinguir os auxílios de moradia
para a casta de cima.
Isso, para início das
negociações. Teriam muitos outros depois. Além, óbvio, de apenas as novas
regras se aplicarem somente aos futuros contratados. Até com base na tese
defendida pelo próprio governo de que os resultados dessas mudanças serão para
um futuro longínquo.
Um último depois: que o teto de
salário dos servidores públicos seja cumprido por todos. Ele está na
Constituição desde 1988 e até hoje ninguém cumpre e até o Supremo Tribunal
Federal “quedou-se silente”, sempre tão complacente com as correntes políticas
do momento. Afinal, em nome da governabilidade, até esse último guardião da
cidadania parece ter assimilado a conveniente função política que os
interessados lhe atribuem.
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