"Não renunciarei. Repito,
não renunciarei. Sei o que fiz e sei a correção dos meus atos. Exijo
investigação plena e muito rápida para os esclarecimentos ao povo brasileiro.
Essa situação de dubiedade ou de dúvida não pode persistir por muito
tempo", disse o presidente Michel Temer (PMDB) em pronunciamento no
Palácio do Planalto nesta quinta-feira (18). Temer enfrenta sua mais grave crise
no cargo, acossado por denúncias feitas por delatores da JBS de que teria
assentido com a compra do silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
"Não comprei o silêncio de
ninguém, sempre honrei meu nome e nunca autorizei usar meu nome
indevidamente", disse Temer. O presidente fez a declaração em um dos
salões do segundo andar do Palácio do Planalto. De terno preto e mexendo na
gravata cinza, Temer entrou acompanhado de uma comitiva de políticos, que,
durante o discurso, ficaram em pé em um dos lados do espaço.
Antes de começar a falar, ele
pigarreou duas vezes e, olhando para os aliados ao lado direito, perguntou
"Tudo bem?". Temer começou o discurso falando mais pausadamente, mas,
ao se defender das acusações e ressaltar que não renunciaria, acelerou a fala e
engrossou a voz, gesticulando com fervor a mão direita.
Temer confirmou que se encontrou
com Joesley Batista, da JBS, e que o empresário contou a ele que
"auxiliava um ex-parlamentar".
"Não solicitei que isso
acontecesse e somente tive conhecimento do fato nessa conversa", afirmou.
Segundo Temer, seu governo viveu
nesta semana "seu melhor e seu pior momento", com a melhora de
indicadores econômicos e de emprego, além do avanço de reformas no Congresso,
em contraste com o que chamou de "revelação de conversa gravada
clandestinamente". Para Temer, a notícia "trouxe de volta o fantasma
de crise política".
"Nós não podemos jogar no
lixo da história tanto trabalho feito pelo país", disse.
Temer disse ainda que não tem
medo de "nenhuma delação" --as acusações contra ele partiram de um
delator. O empresário teria gravado Temer dando o aval para o pagamento de propina
milionária pelo silêncio de Cunha.
"Não preciso de cargo
público nem de foro especial. Nada tenho a esconder. Sempre honrei meu
nome", declarou o presidente.
Na comitiva de políticos que
acompanharam Temer estavam os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Antonio
Imbassahy (Secretaria de Governo); o líder do governo no Senado, Romero Jucá
(PMDB-RR), o líder do governo no Congresso, André Moura (PSC-SE), o
vice-líder do PMDB na Câmara, Darcísio Perondi (RS), além do deputado federal
Beto Mansur (PRB-SP).
Ao longo do pronunciamento, o
salão ficou em silêncio, mas quando Temer declarou pela segunda vez que não
renunciaria, Jucá puxou uma salva de palmas. A maioria dos aplausos veio do
lado onde estavam os aliados políticos de Temer.
O presidente encerrou o discurso
com "muito obrigado. Muito boa tarde a todos" e saiu ajeitando
novamente a gravata.
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