Certa vez, encontravam-se
reunidos três amigos, que estavam numa “Lizura grande”, sem nenhum tostão
do fundo quebrado. Era Festejo de São Sebastião. E, a festança já acontecia há
mais de três dias na antiga igreja de madeira, ao lado da mangueira, que era
apenas uma árvore pequena. Os três moços, queriam tomar aquela cerveja estupidamente
ao “clima”, a San Juan, que era vendida no distrito de Porto Amélia, na casa do
representante peruano Dom Moíco. Além da vontade de comer os variados pratos das
barracas da paróquia.
Então o primeiro disse:
- Como iremos fazer para sair
dessa falta de grana? Todo mundo bebendo, comendo, e nem um centavo para uma
“puxada” no jogo da velha!
O segundo respondeu-lhe:
– Bicho, não se preocupem, vamos alí! Tenho um Patrão que vai nos tirar da
lisura!
E, foram...
Desceram a Rua da FUNAI, e saíram
nos fundo do Cemitério, e entraram portão adentro. Caminharam até a Capelinha, que
só tinha a imagem de São Benedito de Paula, e uma caixa de coleta de
doações para santo, posto ali pelo lendário Frei Humiles. O primeiro e o
terceiro estranharam muito a ginga do parceiro.
Então, falou o segundo, a
imagem do Santo exposto num altar:
– Bom dia meu Patrão [sic...] digo...meu
São Benedito!
Sem fazer cerimônia, Ele mesmo
respondeu pelo Santo:
- Bom dia meus filhos, digam o que lhes
trazem aqui?
Apesar de estarem no cemitério,
o primeiro e o terceiro, arregalaram os olhos, parecendo terem visto
assombração. Admirados por tamanha cara de pau do amigo. Como o Santo perguntou,
ele, o Segundo falou:
- Sabe meu patrão, estamos lisos e precisamos
de um empréstimo para farrear no arraial. Só vejo gente alegre, e se
divertindo. Comendo e bebendo do melhor. E nós, nem sequer aparece um devoto do
Bastião que chame a gente oferecendo sequer uma dose de “Santa Cruz”.
Então Respondeu o Santo:
– Ah, é festa do Sabá? Vou ajudar meu
colega de profissão! Eu empresto, e com o maior prazer.
Logo Disse o segundo para o
primeiro e o terceiro:
– Não disse que meu patrão era legal!
Então perguntou o santo para o
Segundo:
De Quanto Cruzeiros você está
precisando meu filho?
O Segundo respondeu:
– De cinco mil cruzeiros!
Exclamou o Santo com tamanho espanto:
- Só isso! Você nem sabe pedir meu filho.
Mas tudo bem. Pode pegar na caixa. Pague-me quando puder.
Os três agradeceram, e foram gastar
a grana no Arraial. Nessa mesma noite, os três sentaram numa mesa e gastaram tudo no bom, e no melhor.
O que se sabe, é que nunca voltaram a Capelinha para pagar tal empréstimo ao
Santo.
Isso aconteceu em Atalaia do
Norte. Acreditem!
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