Zé Ricardo foi o
único a se pronunciar depois da derrota para o Vitória. Como de costume,
concedeu uma rápida coletiva de imprensa na Ilha do Urubu e até projetou a
semana de trabalho. O que fugiu da rotina foi o silêncio do restante do
departamento de futebol. Nem o presidente Eduardo Bandeira de Mello e nem o
diretor Rodrigo Caetano se pronunciaram após o revés.
O recado extra-oficial, dado pelo
CEO Fred Luz, era de que o trabalho continuaria. O silêncio, no entanto,
evidenciava que qualquer coisa dita naquele momento poderia deixar de ser
verdade em questão horas.
E foi o que aconteceu. Por volta
das 21h de domingo, em reunião realizada na casa de Bandeira, Zé deixou o
comando do Flamengo. A realidade é que o presidente sempre foi o maior defensor
da manutenção do treinador.
Na quinta à tarde, num curso de
gestão do futebol na USP, demonstrou arrependimento de demissões de técnicos e
disse no congresso realizado em São Paulo: ''Hoje tenho claro que a alta
rotatividade de treinadores não é benéfica.”
A convicção estava ali na cabeça
do presidente até momentos após a derrota na manhã de domingo. As
reuniões de sexta e sábado, quando o Fla discutiu seu futuro em
planejamentos estratégicos em todas áreas, não teve a pressão a mais sobre a
cabeça de Zé como se esperava.
Diretor de futebol, Rodrigo
Caetano sempre fez coro com Bandeira e defendeu a continuidade do trabalho
feito por Zé Ricardo - foi ele quem ergueu o time no ano passado em uma
arrancada no segundo turno do Brasileiro e faturou o título carioca, em 2017,
invicto.
No entanto, a duríssima derrota
deste domingo por 2 a 0 para o Vitória, na Ilha do Urubu, aliada com o momento
ruim da equipe, fizeram Caetano mudar sua cabeça. Desta forma, ele foi
determinante para que o presidente também concordasse com a saída de Zé
Ricardo. O conselho diretor do clube foi avisado pelo presidente da decisão.
No último ato, Zé ousou
Zé definiu em treino superfechado
a escalação que enfrentaria o Vitória em casa. Nela, apenas um volante, Willian
Arão. É como se tivesse dado uma cartada de risco. Funcionasse, sairia da Ilha
por cima. Sacou Márcio Araújo, vontade da maioria dos rubro-negros, e colocou
em campo todos reforços.
Até mesmo Geuvânio e Rhodolfo,
recém-recuperados de lesão, foram a campo. Mas a reação não aconteceu. O time
perdeu chances e se entregou depois de uma saída errada - e arriscada - de
Arão, no gol do Vitória.
Apesar da "congestão"
de talentos em campo, como Diego e Éverton Ribeiro, abusou novamente dos
chuveirinhos na área em clara ação de desespero. O psicológico do time de Zé
Ricardo também estava abalado.
O Flamengo emitiu nota oficial confirmando
a saída do treinador, mas nenhum dirigente falou sobre a demissão
Nomes serão estudados
Zé Ricardo só foi demitido na
noite deste domingo. Natural que a partir desta segunda, a cúpula do futebol
rubro-negro comece a estudar os nomes disponíveis. Diante do pouco tempo, é
tendência de que Jayme de Almeida dirija o time na quarta-feira, contra o
Palestino, pela Copa Sul-Americana. O jogo será na Ilha do Urubu, e o Flamengo
venceu o duelo de ida, no Chile, por 5 a 2.
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