O presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in,
e o líder da Coreia
do Norte, Kim Jong-um, comprometeram–se nesta sexta-feira (27) a assinar um
acordo de paz para acabar com a guerra entre os países ainda neste ano. O pacto
vai substituir o armistício
de 1953. Essa guerra foi interrompida por cessar-fogo, mas nunca teve fim
oficial.
Líderes também concordaram em
trabalhar pela completa desnuclearização da península. A declaração conjunta
ocorreu durante encontro
histórico em Panmunjon, zona desmilitarizada entre os dois países (VEJA
A ÍNTEGRA).
Principais compromissos assumidos
Cessar todos os atos hostis entre
os países por terra, ar e mar;
Realizar, através da
desnuclearização completa, uma península coreana livre de armas nucleares;
Transformar a área
desmilitarizada em zona de paz, eliminando ações como a distribuição de
propaganda;
Participar juntos de eventos
esportivos, como os Jogos Asiáticos de 2018;
Esforçar-se para resolver rapidamente
as questões humanitárias que surgiram com a divisão das Coreias;
Implementar todos acordos feitos
até agora pelos dois países;
Manter diálogos, encorajar
trocas, cooperação e contatos em todos os níveis.
Sobre a desnuclearização da
Península Coreana, o documento divulgado nesta sexta afirma que as "medidas
iniciadas pela Coreia do Norte são muito significativas e cruciais" para
isso. Os dois países se comprometeram a desempenhar suas responsabilidades
nesse sentido. "A Coreia do Sul concordou em buscar ativamente o apoio e a
cooperação da comunidade internacional para a desnuclearização da Península
Coreana", diz a declaração conjunta.
Encontro histórico
A conversa entre os dois líderes
teve início às 10h15 (22h15 de quinta, 26, em Brasília). Após se
cumprimentarem, Moon aceitou o convite de Kim episou
brevemente no lado Norte da fronteira, sorrindo. Em seguida, ambos cruzaram
para o lado Sul.
O presidente sul-coreano disse a
Kim que estava "feliz por conhecê-lo" e mais tarde afirmou que a
presença de Kim fazia de Panmunjon um símbolo de paz, e não mais de divisão.
Eles foram então escoltados por
uma guarnição de honra até a Casa da Paz, edifício que abriga a cúpula e que
está localizado na margem sul da fronteira intercoreana. Foi neste local que o
cessar-fogo de 1953 entre os dois países foi assinado.
Ali, Kim assinou um livro de
visitas, onde deixou a seguinte mensagem: “Uma nova história começa agora - no
ponto inicial da história e na era da paz”.
A agência norte-coreana KCNA
afirmou que Kim pretende "discutir de coração aberto com Moon Jae-in todas
as questões com objetivo de melhorar relações intercoreanas e alcançar paz,
prosperidade e reunificação da península coreana".
O líder norte-coreano disse ainda
ao presidente sul-coreano que está disposto a visitá-lo em Seul "a qualquer
momento que for convidado", informou a presidência sul-coreana.
Kim é o primeiro líder
norte-coreano a pisar em solo sul-coreano desde o final da Guerra
da Coreia (1950-1953), que terminou com um cessar-fogo em vez de um tratado de
paz.
Símbolos de paz
Moon e Kim também plantaram na
Zona Desmilitarizada um pinheiro que nasceu em 1953, ano em que foi assinado o
cessar-fogo entre as duas Coreias. A árvore recebeu ainda uma pedra em sua
base, com os nomes dos dois líderes escritos, ao lado da frase “plante paz e
prosperidade”.
O ato foi repleto de simbolismos.
O local escolhido para o plantio é próximo de onde Chung Ju-yung, o falecido
fundador do grupo Hyundai, costumava carregar seus caminhões com vacas que
levava para Coreia do Norte no final da década de 1990, em um esforço de
reconciliação entre os países.
Solo e água usados foram
compartilhados, trazidos tanto por Kim quanto por Moon. O solo foi coletado do
Monte Baekdu, na Coreia do Norte, e do Monte Halla, na Coreia do Sul. E, logo
após plantado, o pinheiro foi regado com água vinda dos rios Daedong, no Norte,
e Han, no Sul.
Em 2007, quando o então
presidente sul-coreano Roh Moo-hyun foi recebido pelo pai de Kim Jong-un, Kim
Jong-il, para um encontro em Pyongyang, os dois também plantaram uma árvore na
capital norte-coreana.
Repercussão
A Casa Branca divulgou um
comunicado logo após os dois líderes se encontrarem, no qual deseja "paz e
prosperidade" aos coreanos. "Por ocasião do histórico encontro do
presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, com o líder da Coreia do Norte, Kim
Jong-un, desejamos o melhor ao povo coreano. Temos esperança de que os diálogos
irão atingir progressos em direção um futuro de paz e prosperidade para toda a
Península Coreana", diz a mensagem, assinada pela secretária de imprensa
Sarah Sanders.
Trump também se pronunciou.
"Após um ano furioso de lançamento de mísseis e testes nucleares, uma
reunião histórica entre a Coreia do Norte e a do Sul está ocorrendo agora.
Coisas boas estão acontecendo, mas só o tempo irá dizer!", afirmou o
norte-americano.
A Rússia considerou o encontro
uma "notícia muito positiva". O premiê japonês, Shinzo Abe, também
elogiou o encontro e disse que esperava que Pyongyang tomasse passos concretos.
A China disse esperar que todas
as partes consigam manter o momento de diálogo e, conjuntamente, promover o
processo de resolução política para a questão da península da Coreia, disse o
ministro das Relações Exteriores do país.
Mudança de tom
Até há pouco seria inimaginável
um encontro entre Kim Jong-un e Moon Jae-in para tentar estabelecer a paz na
península e discutir o fim do programa nuclear promovido pelo governo de
Pyongyang.
Depois da chegada de Donald Trump
à presidência dos Estados Unidos, a Coreia do Norte iniciou uma série de testes
de mísseis balísticos e nucleares que provocaram reações enérgicas de
Washington e de Seul, novas e firmes sanções internacionais, além de provocar o
temor de uma guerra na região.
Também parecia impensável
que Trump
e o ditador norte-coreano aceitassem se reunir, um encontro previsto
para ocorrer no final de maio ou começo de junho, depois de uma série de
ameaças e troca de insultos pessoais.
Tudo mudou em janeiro, quando Kim
mostrou abertura para dialogar com a Coreia do Sul durante seu discurso de Ano
Novo. O ditador norte-coreano anunciou que estava disposto a enviar uma delegação
aos Jogos Olímpicos de Inverno, que seriam realizados em fevereiro em
PyeongChang, no país vizinho.
Mas uma figura essencial neste
processo é o presidente sul-coreano, que chegou ao poder em maio de 2016,
disposto a conversar com a Coreia do Norte, revertendo a postura adotada por
sua antecessora, Park Geun-hye, que foi presa por corrupção.
Fonte:G1
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