Nem Maurício Barbieri pensava que
seria o treinador, nem a diretoria pretendia deixar um jovem profissional, de
36 anos, comandar um time de jovens e experientes estrelas. Mas o acaso -
aliado às demissões sem muitas ideias de remanejamentos - deixa um comandante
três anos mais jovem que Juan com a missão de treinar, orientar e escalar o
líder do Brasileiro - papel que não cabia ao Flamengo desde 2011.
Contra o Internacional, para um
Maracanã com 60 mil pessoas, poucas semanas depois daquele ambiente de cobrança
e agressão, o Flamengo completou cinco jogos consecutivos sem sofrer gol -
marca única na temporada do futebol brasileiro. Por sinal, de acordo com
levantamento do site Futdados, apenas o Cruzeiro saiu de campo mais vezes sem
ser vazado. Em 25 jogos, a Raposa não sofreu gol em 18 jogos. O Fla, em 15 de
24 partidas.
Claro que as boas defesas de
Diego Alves ajudaram nessa estatística. No último domingo, na cabeçada de
Damião, no primeiro tempo, e no chute de Iago, o goleiro evitou gols do
Colorado. Mas há um equilíbrio em construção, mesmo sem Juan e Rhodolfo, mas
com o jovem Léo Duarte, titular nas últimas duas partidas (o veterano Juan
ficou fora das partidas com dores nas costas), e Réver.
Flamengo segue como líder do
Braisleirão depois da vitória por 2 a 0 em cima do Internacional (Foto: André
Durão)
Renê, maior ladrão de bolas
O que passa também por mais uma
boa aparição de Cuéllar, com cinco desarmes na partida, além de Renê,
contestado lateral para parte da torcida, líder em roubadas de bola: foram seis
contra o Internacional - contra os gaúchos, ainda deixou Vinicius Junior em
boas condições com bonito lançamento no início da partida.
O Flamengo que cresce e lidera o
Brasileiro ainda se apoia na participação intensa de Lucas Paquetá, do ataque
ao carrinho na defesa. Barbieri destacou na coletiva de imprensa: Paquetá está
mais forte fisicamente, mais aplicado taticamente e com o mesmo coração e
talento que despontou de vez no fim de 2017. Foi ele que chutou ao gol, no
lance de mão que gerou a falta que o próprio camisa 11 cobrou para abrir o
placar.
Paquetá caiu mais pelo lado
esquerdo do campo, como mostra o mapa de calor (Foto: WhoScored)
Ao lado de Paquetá, Vinicius
Junior, na flor dos 17 anos, não para. Erra muito ainda, mas não deixa de
buscar o gol e a ponta. Perdeu nove bolas na partida, mas ajudou a abrir
espaços. Como no contra-ataque com Éverton Ribeiro, no fim da partida.
Evolução de Éverton Ribeiro
O camisa 7 parece mais à vontade
na função de Diego, que pode retornar ao time contra a Ponte Preta. Como ponta
direita, o canhoto Éverton tem espaço mais reduzido de movimentação, surpreende
menos e é mais facilmente marcado. Solto, sem Diego, cai para os dois lados,
procura tabela pelo meio de campo, recua para abrir faixa do campo para
Paquetá... enfim, confunde a marcação e ganha terreno.
Everton Ribeiro atuou pelos dois
lados do meio de campo, principalmente pelo direito (Foto: WhoScored)
O Flamengo ainda tem a volta de
Guerrero e de Diego. O peruano ainda não se sabe até quando. Vai depender do
resultado do julgamento na Corte Arbitral do Esporte, previsto para esta
semana. Mas o estilo é bem diferente de Henrique Dourado. O pivô e os toques
curtos parecem combinar mais com Vinicius, Paquetá e Éverton Ribeiro.
Passado o furacão, que culminou
com cobrança exagerada até a agressão no aeroporto, o Flamengo encontra
ferramentas para evoluir e largar bem no Brasileiro. O caminho é longo e a instabilidade
ainda está à espreita - no primeiro tempo, por exemplo, o Inter recebeu
"convites" para explorar os contra-ataques e parou em duas boas
defesas de Diego Alves -, mas há margem de crescimento.
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