De matéria-prima amazônica, 70
produtos patenteados pelo Inpa estão à espera de investidores para chegar às
prateleiras
Os produtos e tecnologias
inovadoras resultantes das pesquisas desenvolvidas no Instituto Nacional de
Pesquisas da Amazônia (Inpa) precisam se consolidar como novas oportunidades de
negócios que gerem retorno social e financeiro para a região.
A análise foi
feita pelo deputado estadual Ricardo Nicolau (PSD), nos debates da 1ª
Conferência Internacional sobre Processos Inovativos na Amazônia, cujo
encerramento ocorreu na última sexta-feira, 8 de junho, no auditório da
instituição.
O evento promovido pelo Inpa
abordou, ao longo de dois dias em diversos painéis, o processo de transformação
das pesquisas científicas em novos produtos oriundos das matérias-primas
amazônicas com potencial comercial. Durante as discussões, o parlamentar
defendeu o incentivo a uma cultura de empreendedorismo focada em transferir os
conhecimentos dos laboratórios para o mercado, de forma contínua e permanente.
“A propriedade intelectual dos
pesquisadores deve ser preservada com as patentes, mas temos de trabalhar numa
visão de que essas pesquisas sejam de fato aproveitadas pela sociedade. Que os
resultados das pesquisas cheguem ao mercado como produtos úteis para as
pessoas, como novos remédios ou alimentos. O grande desafio do Amazonas e do
Brasil é transformar as boas ideias em novos negócios”, avaliou Ricardo
Nicolau.
Visando acelerar a chegada dos
produtos do Inpa às prateleiras, o deputado sugeriu que os estudos científicos
adotem, ainda na fase de desenvolvimento, práticas similares ao MVP, sigla em
inglês para produto viável mínimo. O sistema consiste no lançamento de uma
versão mais simples de um novo produto, o que ajuda empreendedores a validarem
novas ideias a partir da resposta do público.
Para Ricardo Nicolau, a troca de
experiências pode encurtar o caminho da pesquisa até o consumidor final.
“Utilizando a filosofia do MVP, o Inpa pode receber feedback rápido
do consumidor na hora de aprimorar seus produtos, direcionando suas pesquisas
de acordo com aquilo que o mercado espera. E assim anos de pesquisa e milhares
de recursos financeiros não são consumidos em vão”, apontou.
Patentes – Atualmente, 13
produtos patenteados que resultaram de pesquisas realizadas no Inpa aguardam
investidores para serem confeccionados em grande escala. Outros 70 pedidos de
patente ainda esperam por liberação. Por ser uma instituição pública, o Inpa
não pode produzir ou comercializar as inovações que desenvolve. Por conta
disso, as patentes dependem de investimentos de empresas para chegar ao
mercado.
O Inpa também negocia no momento
quatro transferências de tecnologias ao setor industrial. Duas delas são produtos
à base de gengibre amargo que comprovadamente ajudam no tratamento do câncer e
de úlceras de pés diabéticos. De acordo com o pesquisador que coordenou os
estudos, Dr. Carlos Cleomir Pinheiro, os novos fármacos devem ficar disponíveis
no mercado amazonense até o fim deste ano.
“Temos praticamente mais de 20
anos desenvolvendo essas pesquisas, mas só agora vamos conseguir colocar esses
produtos no mercado com o apoio de uma empresa. Fazer pesquisa e desenvolver
novas tecnologias sociais para a nossa região ainda é muito complicado, as
dificuldades são muitas”, afirmou o pesquisador, reforçando que o investimento
é fundamental para fomentar a ciência produzida no Amazonas.
Defendendo o estreitamento da
relação entre pesquisadores e empresários, o deputado reconheceu que a
burocracia ainda é um entrave para a inovação em todo o País. “Esse é o ‘custo
Brasil’, extremamente burocrático e que traz prejuízos incalculáveis à
CT&I”, lamentou. “Mas o Inpa é uma instituição reconhecida, que detém
diversas patentes e precisa comercializá-las para gerarroyalties e receber
de volta os investimentos”, finalizou Ricardo Nicolau.
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