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Austrália, Coreia do Sul, Chile, EUA e Brasil estão juntos em um projeto ousado e que
promete tirar do Telescópio Espacial James Webb (JWST) o título de
observatório mais potente de todos os tempos. Estamos falando do
Telescópio Gigante Magalhães (GMT), uma megaestrutura que ficará alojada no
Observatório Las Campanas, no Deserto do Atacama, no Chile.
Segundo a Organização do
Telescópio Gigante Magalhães (GMTO), o programa acaba de obter uma nova infusão
de financiamento de US$ 205 milhões — de um total de US$ 1 bilhão — que será
usada para acelerar a construção, iniciada em 2015 e com previsão de conclusão em
2025.
Mas, por que esse observatório
será tão poderoso?
Isso se resume, principalmente,
ao seu tamanho. Enquanto Webb ocupa uma posição privilegiada no sistema solar,
o fato de ser um telescópio espacial impôs limites em suas medidas e massa. Já
o GMT, por ser um telescópio terrestre, não precisa lidar com tais
restrições.
Telescópio Gigante Magalhães será
mais poderoso do que qualquer observatório de pesquisa em operação
Sendo assim, ele conta com uma
área de coleta de luz 10 vezes maior e resolução espacial 400% mais alta. Em
comparação com o lendário Hubble, a qualidade das imagens será até 100 vezes
superior. Resumindo: o GMT será mais poderoso do que qualquer telescópio de
pesquisa atualmente em operação – tanto no espaço quanto em solo.
Segundo a GMTO, a construção de
uma instalação de 40 mil metros quadrados em Rockford, no estado
norte-americano de Illinois, projetada para fabricar a estrutura do telescópio,
está completa. Além disso, a produção do primeiro espelho secundário adaptativo
do telescópio está em andamento na França e na Itália, e o local no Chile está
preparado para a próxima etapa de construção e lançamento da fundação.
Quando concluído, o GMT contará
com sete espelhos primários, cada um com 8,4 metros de diâmetro, organizados em
uma matriz de 25,4 metros de largura que produzirá as imagens mais detalhadas
já captadas do espaço sideral. Os sete discos mudarão de posição para remodelar
a matriz com uma frequência máxima de 2 mil vezes por segundo, para permitir
que o telescópio corrija o efeito de desfoque óptico da atmosfera terrestre.
Por enquanto, não há um
cronograma definido para quando ele entrará em funcionamento, mas isso deve
acontecer no final desta década. A última rodada de financiamento vai ajudar a
acelerar esse processo.
Brasil terá assento garantido no
conselho do consórcio
“Os equipamentos permitirão aos
astrônomos investigar a formação de estrelas e galáxias logo após o Big Bang, medir a massa de buracos negros e mapear o
ambiente imediato em torno deles”, diz um comunicado emitido pelo sócio
brasileiro do projeto, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo
(Fapesp), responsável pelo aporte de US$ 45 milhões (R$228,4 milhões) desta
rodada mais recente de investimentos.
Sua participação na construção do
megatelescópio garantirá aos pesquisadores do estado de SP uma parcela do tempo
de observação do GMT. Além disso, o Brasil terá direito a um assento no
conselho do consórcio. “Isso será muito importante para o desenvolvimento de
pesquisa em astronomia do Brasil”, diz o comunicado.
Com uma área total de coleta de
luz de 368 metros quadrados, todo o dispositivo será mantido em um gabinete de
65 metros e 4 mil toneladas, que pode realizar uma rotação completa em cerca de
três minutos.
“Essa disposição angular sem
precedentes, combinada com espectrógrafos revolucionários e câmeras de alto
contraste, trabalhará em sinergia direta com a JWST para potencializar novas
descobertas científicas”, diz a GMTO.
O GMT fará parte de uma nova
geração dos chamados “telescópios extremamente grandes”, baseados em terra e
projetados para fornecer clareza e sensibilidade sem precedentes na observação
de fenômenos astrofísicos – como as origens dos elementos químicos e a formação
das primeiras estrelas e galáxias.
Além da Fapesp, o novo
investimento inclui compromissos do Instituto de Ciência Carnegie, da
Universidade de Harvard, da Universidade do Texas em Austin, da Universidade do
Arizona e da Universidade de Chicago.
“Estamos honrados em receber esse
investimento em nosso futuro”, declarou Robert Shelton, presidente do
Telescópio Gigante Magalhães. “O financiamento é realmente um esforço
colaborativo de nossos fundadores. Isso resultará na fabricação dos maiores
espelhos do mundo, no conjunto de telescópios gigantes que os mantém e os
alinha, e em um instrumento científico que nos permitirá estudar a evolução
química de estrelas e planetas como nunca antes”.
Via Olhar Digital
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