Por volta dos anos 90, Atalaia do Norte gozava
de grandes espetáculos futebolísticos feitos pela Liga Desportiva em campos e
quadras da cidade. A gestão pertencia, na época, ao nobre vascaíno, Arnaldo
Justino Pires, que deixou imensas saudades.
Em uma tarde ensolarada na pacata Atalaia, mais
precisamente na antiga Quadra da Mangueira, estava acontecendo um jogo
importante entre Flamengo e Palmeiras. A torcida pedia a entrada do jogador
Francisco Moreira de Melo, conhecido como Chico da Marica, pois o atleta
poderia resolver a partida a favor do Flamengo atalaiense. Só havia um
problema, dois jogadores estavam bagunçando na beira da quadra e os juízes
entenderam que o Chico da Marica era o grande causador daquela baderna.
O saudoso Arnaldo Pires, olhou para o Chico e
disse:
- Você não vai entrar! Você está bagunçando
toda a partida. Se você insistir, vou te dar uma suspensão imediata!
Chico da Marica não obedeceu a ordem do
presidente da liga e respondeu imediatamente com má-criação:
- Eu vou entrar! O senhor não manda em mim!
Chico da Marica entrou... Passaram-se os dias e
numa segunda-feira, seu nome estava exposto no mural da liga onde dizia que a
partir daquele dia, o atleta Francisco Moreira Melo estava suspenso de suas
atividades futebolísticas por um mês. Assim, Chico da Marica foi avisado e
tinha apenas 48 horas para recorrer. Foi quando se apresentou Francisco Gomes
Ferreira, o conhecidíssimo Chico Malta, dizendo que iria representar Chico da
Marica, junto ao tribunal desportivo atalaiense.
Malta afirmou ao réu sobre sua vasta
experiência em defesa dos desfavorecidos:
- Chiquinho, meu querido, eu posso resolver
esse caso, basta eu mexer os “pauzinhos”. Só peço que confie em mim!
Na quarta-feira pela noite, como de costume,
havia sempre uma reunião na sede da liga. Aproveitaram a ocasião para realizar
a sessão para decidir a situação do caso “O bagunceiro Chico da Marica”.
Então, Chico Malta, em posse de uma pasta
preta, disse ao seu cliente, que a sua defesa já estava pronta e garantiu que a
absolvição era certa. Malta entrou na sala e passou meia hora articulando. Saiu
com um papel na mão, que todos imaginaram que fosse a decisão.
Malta falou para o Chico da Marica:
- Meu caro Chiquinho, não lhe trago boas
notícias. Tentei de tudo, e não pude convencer os juízes deste tribunal. A pena
que era de um mês, aumentou para seis meses, podendo chegar a um ano, se você
insistir no assunto!
Isto aconteceu em Atalaia do Norte, meus caros!
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