Barco PAI “Todos pela Vida” leva novo método preventivo do câncer de colo uterino às mulheres do interior
Mulheres de comunidades
ribeirinhas do interior do Amazonas terão acesso ao exame preventivo mais
moderno e eficaz no diagnóstico de inflamações pré-cancerosas e do câncer de
colo de útero na sua fase inicial. Com maior precisão que o papanicolaou convencional,
a citologia em meio líquido será oferecida no barco do Programa de Atendimento
Itinerante (PAI) “Todos pela Vida”, inaugurado pelo governador José Melo e que
inicia atendimentos pela calha do rio Juruá, reforçando o combate ao câncer de
colo de útero, o mais frequente e o que mais mata as mulheres amazonenses.
Reformado com financiamento do
Fundo de Promoção Social (FPS), presidido pela primeira-dama Edilene Gomes de
Oliveira, o barco “Todos pela Vida” integra o programa da Secretaria de
Justiça, Direitos Humanos e Cidadania (Sejusc). Além dele, outras duas
embarcações estão recebendo investimentos de R$ 7 milhões para recuperação e
equipagem.
A embarcação leva serviços de
cidadania e saúde à população das comunidades mais isoladas do Estado e entra
em funcionamento com uma série de serviços pelos municípios da calha do Juruá.
Além do novo método preventivo, o barco também vai ajudar no combate à
proliferação da malária com a entrega de mosquiteiros e atender pessoas com
deficiência com cadeiras de roda, muletas e kits dormitórios (cama, colchão e
ventilador).
A adoção do novo método de exame
preventivo para identificar lesões pré-cancerosas no colo do útero coloca o
Estado em posição de destaque no cenário nacional de saúde. Apesar de criado há
mais de duas décadas e de sua alta eficácia, o método de citologia em meio
líquido é pouco empregado na rede pública de saúde do país por ser mais caro
que o papanicolaou convencional. Somente o Pará oferece o exame.
A coleta de amostras no colo
uterino para o exame acontece da mesma forma que no papanicolaou. A mudança é
no processamento. Com o método da citologia em meio líquido, o material colhido
é processado em um aparelho que separa as células de mucos vaginais e sangue.
Essa seleção aumenta as possibilidades de acerto na pesquisa de lesões no colo
do útero.
“Com esse tipo de preventivo, os
chamados artefatos, que são sangue e outras secreções, tão comuns no exame, são
eliminados. Esses artefatos causam exames falso-negativos ou insatisfatórios.
Com a citologia em meio líquido, 100% das células são aproveitadas para o exame
ao contrário do papanicolaou convencional, que só apresenta 20% dessas
células”, explica a ginecologista Mônica Bandeira, especialista em câncer de
colo uterino da Fundação Centro de Controle de Oncologia do Amazonas (FCecon).
Enquanto o papanicolaou tem algo
em torno de 50% de precisão, a citologia em meio líquido apresenta, em média,
80% de sensibilidade. “A coleta é feita da mesma forma, não há diferença para a
mulher. A mudança é a alta tecnológica. A citologia em meio líquido é um exame
de melhor qualidade usado no mundo inteiro há mais de 20 anos, em laboratórios
particulares, através de convênios, mas não disponibilizam no SUS. Seremos o
segundo Estado do país a oferecê-lo, uma decisão histórica”, enfatizou a
médica.
Imunização contra o HPV
A melhora nos métodos de rastreio
é uma ferramenta fundamental para prevenir o câncer no colo uterino. O Estado
implantou de forma pioneira a imunização de meninas contra o HPV, vírus
causador da doença. Este ano, a vacina será oferecida aos meninos, imunizando
mais de 80 mil crianças e adolescentes. “Esse exame representa melhoria do
rastreio do câncer de colo do útero, alcançando exatamente as mulheres que tem
mais obstáculos e dificuldades em realizar o seu preventivo”, acrescentou
Mônica Bandeira.
Os exames realizados durante os
atendimentos do barco PAI ‘Todos pela Vida’ serão encaminhados à Manaus para
laudo. Nos casos em que houver alteração, a Secretaria de Estado de Saúde
(Susam) vai providenciar o tratamento imediato, afirmou a secretária de saúde,
Mercedes Gomes.
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