BRASÍLIA – Uma operação
coordenada entre militares do Comando Militar da Amazônia e a Fundação Nacional
do Índio (Funai) destruiu uma base de garimpo ilegal que avançava sobre a terra
indígena Vale do Javari, sudoeste do Amazonas, na fronteira do Brasil com o
Peru.
Casas e balsas que eram
utilizadas pelos garimpeiros para entrar na floresta e na terra protegida foram
queimadas. Com a retirada dos garimpeiros, a Funai pretende reabrir a base de
proteção do rio Jandiatuba, a qual já tinha sido engolida pela floresta e
estava abandonada. É nesta região que teria ocorrido um possível
massacre de índios isolados, conforme denúncia do Ministério Público
Federal (MPF) feita em agosto.
Na operação, foram destruídas dez
balsas de garimpo, das quais duas estavam dentro da terra indígena. A região do
rio Jandiatuba, segundo a Funai, possui o maior número conhecido de registros
confirmados de povos indígenas isolados no País. De acordo com a
Coordenação-Geral de Índios Isolados e Recém Contatados (CGIIRC), dos dez
registros confirmados no Vale do Javari, cinco estão nessa região.
“Infelizmente essa situação
crítica é resultado da falta de recursos do órgão indigenista. Toda a região
passa por total vulnerabilidade. Esse trabalho que foi feito é um paliativo.
Caso novas providências não sejam tomadas, essas invasões tendem a se
alastrar”, diz Beto Marubo, uma das principais lideranças indígenas do Vale do
Javari.
Beto Marubo, que participa de
operações na região, informou que a expedição de localização percorreu por dez
dias diversas localidades onde teria ocorrido o crime apresentado na denúncia
do MP. As informações preliminares da equipe técnica ainda não apontam
evidências que comprovem o possível conflito na região. Foram registradas,
porém, diversas provas da presença de invasores nas margens do Jandiatuba,
inclusive em locais muito próximos da área de ocupação dos grupos isolados, o
que gera alto grau de vulnerabilidade a esses povos, informou a Funai.
A fragilidade da proteção do Vale
do Javari foi tema da reportagem especial “Cerco
aos Isolados”, publicada em 29 de abril pelo ‘Estado’. Por falta de
recursos, o trabalho da Funai foi comprometido na região, com fechamento de
bases de fiscalização. Até o início deste ano, havia apenas 19 servidores
da fundação responsáveis por tomar conta de toda terra indígena em ações de
fiscalização, uma área que abrange 84.570 quilômetros quadrados, o equivalente
a dois Estados do Rio de Janeiro, onde vivem cerca de 5 mil indígenas.
Fonte: Agencia Estadão
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