Este fato se passou no tempo em que
o futebol era levado muito à sério. Lá pelos anos de 1987, quando em uma tarde
ensolarada, à beira do Estádio Municipal Tenente Lucena, conhecido pelo pessoal
da pelada como “Peladão”, ocorria uma partida das preliminares entre Fluminense
Futebol Clube e “Chixuacha Esporte Clube”.
Bastava anunciar um clássico
local, que no entorno do campo lotava. Os visitantes assistiam sempre as
partidas atrás do gol, do alto de um barranco, ou em cima do pé de ingá –
considerado como área vip entre a molecada.
Também estavam na tribuna de
honra, heróis de um futebol que marcou época. Entre eles o seu Sarica; vascaíno
roxo que chutava o vento a cada ataque de seu time e seu Serafim; grande
futebolista lá das bandas de São Paulo de Olivença, radicado há muito tempo em
Atalaia.
O JOGO
Chixuacha era encabeçado pelo
lendário da canhotinha de ouro João Benjamin, e a galera do futebol veterano.
Já o Fluminense tinha o comando de Antônio Nunes, popularmente conhecido como “mano
velho”.
Como era de lei, a turma da
cachaça Coquinho já estava a todo vapor do outro lado do estádio. A emoção era
tão grande que a velha cachaça Santa Cruz - aquela que vinha no engradado de
madeira – tampouco foi lembrada pelos fanáticos.
Foguetes eram disparados e a
alegria tomava de conta do estádio... e começa a partida!
Nesse momento, o jogo estava
equilibrado com toques de classe e, de repente, aparece um dos primeiros
narradores esportivos do “Peladão” no meio da torcida.
Seu Beto, que emocionado com a
partida, narrava assim:
- E, começa a partida no estádio
Tenente Lucena, zero a zero e a torcida vibra...
Foi aí então que a empolgação
tomou conta de seu Beto, já que o público estava todo lhe ouvindo.
-Pegou a bola com categoria o meu
compadre César bodó, comeu um... comeu dois... comeu três e...
O que Seu Beto queria narrar, era
que seu Compadre Cesar estava driblando todo mundo.
Quando seu Beto foi narrando mais
um drible de seu compadre Cesar bodó, um anônimo, e muito gaiato, saiu do meio
da torcida, empurrou com tanta força o narrador, que foi parar no meio da rede
do gol.
Sem perder a postura, seu Beto
esqueceu o drible e soltou um palavrão daqueles:
-Vai, vai, empurrar a tua mãe,
seu filho da p***$% @!%*
Depois de muitas palavras sutis
ao anônimo, seu Beto continuou a narrar o jogo com muita emoção.
De fato. Isso aconteceu na cidade
de Atalaia do Norte.
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