Trump deporta mais de 200 venezuelanos para El Salvador apesar de uma ordem judicial que o proíbe de fazer isso.Um avião que transportava mais de 200 venezuelanos deportados pelos Estados Unidos aterrissou em El Salvador, horas depois que um juiz norte-americano ordenou que o governo de Donald Trump não o fizesse.
O presidente de El Salvador, Nayib Bukele, publicou nas mídias sociais que 238 supostos membros da gangue criminosa venezuelana Tren de Aragua haviam chegado na manhã de domingo, juntamente com outros 23 supostos membros da gangue Mara Salvatrucha (MS-13).
A chegada dos deportados ao país centro-americano ocorreu apesar de um juiz federal ter impedido o presidente Trump de invocar uma lei centenária para justificar as deportações, algo que Bukele ridicularizou em uma postagem posterior.
“Ops! Tarde demais”, escreveu o líder salvadorenho.
Bukele relatou que os detentos foram imediatamente transferidos para o Centro de Internamento de Terroristas (Cecot) de El Salvador “por um ano”, renovável, sugerindo que eles poderiam ficar lá por mais tempo.
“Os EUA pagarão uma taxa muito baixa para eles, mas uma taxa alta para nós”, acrescentou.
De acordo com a AP, El Salvador concordou em aceitar abrigar cerca de 300 imigrantes em suas prisões por um ano a um custo de US$ 6 milhões.
Desprezo aberto
O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, confirmou a chegada dos supostos membros de gangues a El Salvador e agradeceu a Bukele, chamando-o de “o mais forte líder de segurança em nossa região”.
Na noite de sábado, o juiz James Boasberg ordenou o congelamento por 14 dias das deportações ordenadas por Trump, que invocou a Lei de Inimigos Estrangeiros de 1798.
A lei permite que o governo detenha e expulse, em tempos de guerra, pessoas que ameacem a segurança do país, sem ter que garantir aos afetados o devido processo legal.
A última vez que a lei foi aplicada foi para internar cidadãos americanos de ascendência japonesa durante a Segunda Guerra Mundial.
No sábado, Trump declarou que o Trem de Aragua estava “perpetrando e ameaçando realizar uma invasão ou incursão predatória contra o território dos EUA”.
Em seguida, ele ordenou que todos os cidadãos venezuelanos no país com pelo menos 14 anos de idade, membros do Trem de Aragua e que “não sejam naturalizados ou residentes permanentes legais” fossem “detidos, protegidos e removidos como estrangeiros inimigos”.
A decisão presidencial foi suspensa pelo juiz Boasberg com o argumento de que a lei não se aplica nesse caso, pois os EUA não estão em guerra.
Depois de saber que os aviões que transportavam os deportados haviam decolado, o funcionário ordenou o retorno deles, informou o The Washington Post.
Rubio, em uma declaração no domingo, confirmou que as deportações foram realizadas de acordo com a Lei de Estrangeiros Inimigos, mas não mencionou a decisão judicial.
“Enviamos mais de 250 estrangeiros inimigos do Trem de Aragua que El Salvador concordou em manter em suas excelentes prisões a um preço justo que também economizará o dinheiro de nossos contribuintes”, anunciou.
Por sua vez, o governo venezuelano, em uma declaração, rejeitou a decisão de Trump por evocar “os episódios mais sombrios da história humana, desde a escravidão até o horror dos campos de concentração nazistas”, informou a AP.
Direto para o 'mega-presídio'
Um vídeo publicado por Bukele nas mídias sociais mostra fileiras de homens com algemas nas mãos e nos pés sendo escoltados por agentes armados para fora do avião.
A filmagem mostra alguns detentos sendo colocados na traseira de veículos blindados, enquanto outros, curvados enquanto os agentes abaixam suas cabeças, são forçados a entrar em ônibus.
O vídeo também mostra uma vista aérea de uma longa e sinuosa escolta policial conduzindo os ônibus até a infame mega-prisão de El Salvador, El Cecot.
A prisão de segurança máxima é uma conquista de Bukele e faz parte de seu esforço para combater o crime organizado no país centro-americano.
A prisão, com capacidade para 40.000 pessoas, foi criticada por grupos de direitos humanos, que alegam que os detentos são maltratados e que seus direitos não são garantidos.
O acordo entre os EUA e El Salvador é um sinal de fortalecimento das relações diplomáticas entre os dois países.
Por: Jorge Fernando - colaborador JV
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