Boa Vista (RR) – Em uma nova etapa das ações contínuas para desarticular a estrutura do garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami (TIY), em Roraima, o Comando Operacional Conjunto Catrimani II deflagrou a Operação Legionário. As ações iniciaram no dia 6 de dezembro e prosseguiram até o dia 13 desse mês, tendo como objetivo desarticular o fluxo logístico das atividades garimpeiras ilegais na região. Os resultados obtidos incluem a interdição de três pistas não-homologadas de pouso e decolagem de aeronaves ligadas aos delitos, a inutilização de duas dragas metálicas, a destruição de acampamentos e a detenção de 15 pessoas ligadas à extração ilegal, encontradas durante os vasculhamentos realizados por parte da tropa.
Para garantir a efetividade e a segurança das ações, o Comando Operacional Conjunto priorizou o princípio da surpresa, que demonstrou elevado grau de prontidão e interoperabilidade no cumprimento das missões. Militares do Exército foram transportados para uma região de selva densa, com emprego das aeronaves HM-2 Black Hawk e HM-1 Pantera do Exército Brasileiro; H-15 Super Cougar, da Marinha do Brasil; além do H-60 Black Hawk e C-98 Caravan, da Força Aérea Brasileira. As tripulações das aeronaves utilizaram a tecnologia NVG (Night Vision Goggles), que possibilita o voo noturno em missões que exigem a ausência de luminosidade, a fim de provocar o efeito da surpresa sobre os objetivos.
Destruição de estruturas do garimpo
Uma equipe de Engenharia do Exército ficou encarregada da interdição com emprego de explosivos de três pistas não-homologadas: Pupunha, Aracaçá e Noronha, localizadas na TIY. A ação visou desarticular a infraestrutura logística do garimpo ilegal, interrompendo o fluxo de aeronaves que possibilitam o transporte de insumos para a permanência dessas pessoas não-autorizadas.
Já a tropa especializada para atuação em ambiente de selva, concentrada na Força Terrestre Componente, estabeleceu pontos fortes, montou bloqueios terrestres, vasculhou e destruiu alvos de oportunidade, bem como realizou patrulhas terrestres e fluviais na calha do Alto Uraricoera.
Por meio aéreo, operadores especiais do Exército foram infiltrados em regiões próximas a garimpos clandestinos. Mesmo com a presença de estacas no terreno, que dificultam o pouso de aeronaves, os militares realizaram a infiltração aeromóvel em área restrita com uso da técnica de rapel, que permite o desembarque rápido de tropas sem a necessidade de pouso - uma habilidade crucial para zonas de acesso restrito.
Os militares do Destacamento de Ação Imediata (DAI) inutilizaram duas dragas metálicas no rio Uraricoera, estruturas utilizadas pela garimpagem ilegal, com potencial de danos ao meio ambiente. Além disso, a tropa especializada permaneceu no terreno, vasculhando e atuando sobre alvos de oportunidade em regiões de interesse, contribuindo para desarticular a estrutura logística do garimpo ilegal na TIY. Entre outras capacidades, os operadores especiais utilizaram Equipamentos de Visão Noturna, permitindo operações continuadas 24 horas por dia.
Resultados obtidos
A Operação Legionário apresentou resultados expressivos como apreensão de 2.600 litros de óleo diesel, um quadriciclo, cinco antenas Starlink, 500 kg de cassiterita, armas longas e curtas, munição, além de entorpecentes, entre outros materiais, suprimentos e equipamentos, demonstrando o esforço do Comando Conjunto Catrimani II em desestruturar a logística da atividade ilegal.
Durante as ações registradas, militares do Exército Brasileiro detiveram 15 pessoas suspeitas de atuação em garimpo ilegal na região de Noronha. Os detidos, sendo 14 homens e uma mulher, foram transportados até a Base Aérea de Boa Vista, sendo posteriormente conduzidos até a sede da Polícia Federal, onde foram entregues às autoridades para os procedimentos legais.
Impacto na proteção da floresta
Desde o início da Operação Catrimani II, em abril de 2024, o Comando Operacional Conjunto Catrimani II, composto pela Marinha do Brasil, Exército Brasileiro e Força Aérea Brasileira, participa de ações interagências coordenadas pela Casa de Governo no Estado de Roraima, que geraram um impacto econômico superior a R$ 629 milhões às estruturas criminosas de mineração ilegal na TIY. As operações interagências na TIY já resultaram em 8.496 ações realizadas, 46.917 abordagens (veículos e pessoas) e 307 prisões.
Até 12 dezembro de 2025, registrou-se a inutilização de 1.895 motores utilizados no garimpo ilegal, 731 acampamentos clandestinos, 74 pistas de pouso ilegais e 44 aeronaves. Além disso, as ações resultaram na apreensão de 249,6 kg de ouro; apreensão e inutilização de 234 kg de mercúrio;
225 mil litros de óleo diesel; e 187.243 kg de cassiterita, mineral com diversas aplicações industriais.
O prejuízo causado pelas ações refere-se ao material apreendido ou destruído, sem contabilizar o impacto econômico decorrente da cessação das atividades ilegais. Além disso, ressalta-se o valor inestimável da preservação da Floresta Amazônica, que vinha sendo desmatada e contaminada com mercúrio, e os consequentes danos sociais às comunidades que vivem na região.
A Operação Legionário reforça o esforço contínuo da Operação Catrimani II em inviabilizar a atividade garimpeira na TIY, apoiando as ações repressivas e logísticas das agências e Órgãos de Segurança Pública, gerando prejuízos ao crime e protegendo o meio ambiente.
Ação conjunta
A Operação Catrimani II é uma ação conjunta entre órgãos de Segurança Pública, Agências e Forças Armadas, em coordenação com a Casa de Governo no Estado de Roraima, em cumprimento à Portaria GM-MD N° 5.831, de 20 de dezembro de 2024, que visa agir de modo preventivo e repressivo contra o garimpo ilegal, os ilícitos transfronteiriços e os crimes ambientais na TIY.
Texto e fotos: Comando Operacional Conjunto Catrimani II
Por: Comando Militar da Amazônia
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