Não podemos ser indelicados para dizer
logo no título que não é lá “grande coisa”. Mas alguém precisa dizer, já que os
analistas políticos e os jornalistas não falam com precisão e firmeza que não
são tão importantes como querem fazer crer.
É comum se ouvir que isso e aquilo
“está no nosso programa de governo”. Papel aceita tudo mesmo. Pelo que consta
neles, suíços e noruegueses morreriam de inveja dos brasileiros.
Mas essas previsões programáticas
deveriam ser mais bem analisadas pelos especialistas. A maioria dos que
prometem nos seus escritos já são políticos há décadas e já têm um histórico de
promessas descumpridas. Pelo que me lembro, Dilma garantiu 6 mil creches na
campanha anterior. De vez em quando se falava quantas tinham sido construídas.
Agora nas campanhas nem são lembradas. Parece ser proibido falar disso.
Geraldo Alckmin está no comando do
estado de São Paulo desde 2001 e, com a naturalidade de uma debutante, faz
várias promessas na sua campanha eleitoral. Nem a maior crise de abastecimento
de água de sua história faz arrefecer a sanha de promessas do candidato, eterno
governador.
Num comício no Nordeste eles prometem
acabar a transposição do rio São Francisco que ninguém mais sabe a quantas
anda. Assim, promete-se resolver todos os problemas de cada região, de cada
grupo social, de cada comunidade e até de pessoas individualmente.
Não ponderam nem com relação às
possíveis contradições. São capazes de prometer aos evangélicos que vão retirar
todos os símbolos católicos de instituições públicas e, ao mesmo tempo, são
capazes de garantir aos católicos não só a manutenção, como até a ampliação.
Todos são unânimes em defender
implicitamente o direito à igualdade entre as pessoas, como se tivesse força
para fazer algo contrário às regras constitucionais, mas ninguém defende o
casamento entre pessoas do mesmo sexo de forma explícita. Colocam a matreira
conversa de que são favoráveis à união estável, ao direito de herança dos bens,
mas nunca a favor do matrimônio clara e objetivamente.
Outro exemplo crasso é dizer que vai
diminuir carga tributária e aumentar a arrecadação. E não há quem questione com
veemência essas contradições. Quando se procede dessa maneira, como fez os
âncoras do Jornal Nacional, causa estranheza nas pessoas, indignação nos
correligionários e expressões raivosas nos entrevistados.
Quando já foi prefeito, governador,
presidente, quem já exerceu vários cargos e se candidata pela milésima vez, em
qualquer outro lugar do mundo, não teria mais o direito de prometer. A cada
promessa perderia alguns votos. Isso poderia ser feito pelos novatos.
Enaltecer o que está em programas é tão
descompromissado e ingênuo quanto quem vota pelo que neles está escrito. Papel
aceita tudo e não há prova maior do que as próprias leis que são letras mortas
neste país e os programas de governo que são verdadeiros abortos prévios.
Pedro Cardoso da
Costa – Interlagos/SP para o JV
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