“Pelo visual, podemos afirmar que
pelo menos três presos foram mortos. Deu pra ver as cabeças arrancadas”,
afirmou Zemilton Silva, coordenador de administração penitenciária do Rio Grande do Norte
sobre a rebelião que acontece na Penitenciária Estadual de Alcaçuz, maior
presídio do estado. Na tarde deste sábado (14), detentos do Pavilhão 1
invadiram o Pavilhão 5.
O major Eduardo Franco, da
comunicação da Polícia Militar do Rio Grande do Norte, disse que o motim
começou por volta das 16h30 (de Natal) e houve invasão de presos do pavilhão 1
no pavilhão 5, onde estão internos de uma facção criminosa rival. Ainda não há
confirmação de fuga. Alcaçuz é o maior presídio do estado.
Zemilton Silva disse ainda não
saber se os presos dos outros pavilhões também se rebelaram. O chamado pavilhão
5 é o presídio Rogério Coutinho Madruga, que fica anexo à Alcaçuz, em Nísia
Floresta. Há separação entre presos de facções criminosas entre esses dois
presídios. A penitenciária de Alcaçuz tem cerca de 1150 presos e capacidade
para 620 detentos, segundo a Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejuc).
Policiais militares e agentes penitenciários vão esperar o dia
amanhecer para entrar nos pavilhões de Alcaçuz. A área externa do presídio
já está sob o controle das autoridades, segundo a Polícia Militar. As saídas
foram bloqueadas e o Corpo de Bombeiros está fazendo barricadas no local.
A repórter Michelle Rincon, da Inter
TV Cabugi, está na área externa de Alcaçuz. Ela informa que há fumaça na parte
interna, barulhos de tiros e de quebra-quebra no local.
Em contato com o G1, o secretário
da Sejuc, Wallber Virgolino, disse que a determinação é retomar o controle. “A
ordem já foi dada: retomar o controle de Alcaçuz e evitar rebeliões em outras
unidades”, afirmou. Para isso, Virgolino acrescentou que também mandou chamar
todos os agentes penitenciários que estão de folga. “Quero a nossa capacidade
máxima atuando”, destacou. O estado possui cerca de 800 agentes penitenciários.
A Secretaria de Estado da
Segurança Pública e da Defesa Social (Sesed) emitiu nota na noite deste sábado
informando que montou o Gabinete de Gestão Integrada (GGI) para executar as
ações a serem empregadas na rebelião do presídio de Alcaçuz. "Já estão no
local o Batalhão de Operações Especiais (BOPE), o Batalhão de Choque e a Força
Nacional para evitar mais confrontos e controlar a situação. Há registro
de mortes resultado de uma briga entre facções rivais".
A última rebelião em Alcaçuz foi registrada em novembro de 2015.
No dia daquele mês, houve quebra-quebra após a descoberta de um túnel escavado
a partir do pavilhão 2. “Assim que acabou a visita social, por volta das 15h,
os presos se amotinaram”, disse o secretário de Justiça da época, Cristiano
Feitosa.
No ano passado, foram registradas 14 fugas de Alcaçuz. Mais
de 100 presos conseguiram escapar do presídio. A maioria deixou o presídio por
meio de túneis escavados a partir dos pavilhões ou por buracos abertos no pé do
muro, sempre sob uma guarita desativada ou sem vigilância.
O Sindicato dos Policiais Civis
do RN emitiu nota na noite deste sábado pedindo a todos os policiais que fiquem
em alerta para uma possível onda de ataques por parte de bandidos. "Isso
porque existem informações vinda de presídios dando conta de um salve geral dos
presos no Rio Grande do Norte e em outros estados. Inclusive, a penitenciária
de Alcaçuz já está com os presos rebelados e outras unidades estão em tensão.
Pedimos que os colegas fiquem com atenção redobrada, estando de serviço ou de
folga", afirma Paulo César de Macedo, presidente do Sinpol.
Na segunda-feira (9), o
Ministério da Justiça prorrogou por mais 60 dias a presença da Força Nacional
no Rio Grande do Norte. Os policiais enviados pelo governo federal estão
atuando no patrulhamento das ruas e podem atuar na segurança do perímetro
externo das unidades prisionais localizadas na Grande Natal. A Força Nacional chegou ao estado em março de 2015 durante a
série de motins iniciada no sistema prisional do estado.
A prorrogação foi publicada no Diário Oficial da União
(DOU) desta segunda-feira (9). O prazo de apoio da Força Nacional de Segurança
Pública ao Rio Grande do Norte ainda poderá ser prorrogado caso haja
necessidade.
Calamidade Pública
O sistema penitenciário potiguar entrou em calamidade pública em março de 2015, logo após uma série de rebeliões em várias unidades prisionais. Na ocasião, o governo pediu ajuda à Força Nacional. Para a recuperação de 14 presídios (todos depredados durante os motins), foram gastos mais de R$ 7 milhões. Tudo em vão. As melhorias feitas foram novamente destruídas. Atualmente, em várias unidades, as celas não possuem grades e os presos circulam livremente dentro dos pavilhões.
O sistema penitenciário potiguar entrou em calamidade pública em março de 2015, logo após uma série de rebeliões em várias unidades prisionais. Na ocasião, o governo pediu ajuda à Força Nacional. Para a recuperação de 14 presídios (todos depredados durante os motins), foram gastos mais de R$ 7 milhões. Tudo em vão. As melhorias feitas foram novamente destruídas. Atualmente, em várias unidades, as celas não possuem grades e os presos circulam livremente dentro dos pavilhões.
Déficit carcerário
Segundo a Secretaria de Justiça e da Cidadania (Sejuc), órgão responsável pelo sistema prisional do estado, o Rio Grande do Norte possui 33 unidades prisionais. Juntas, elas oferecem 3,5 mil vagas para uma população carcerária de 8 mil presos, ou seja, déficit de 4,5 mil vagas.
Segundo a Secretaria de Justiça e da Cidadania (Sejuc), órgão responsável pelo sistema prisional do estado, o Rio Grande do Norte possui 33 unidades prisionais. Juntas, elas oferecem 3,5 mil vagas para uma população carcerária de 8 mil presos, ou seja, déficit de 4,5 mil vagas.
Acre e Amazonas
Na quinta-feira (12), presos apontados pelos setores de inteligência do Acre e do Amazonas como líderes de facções criminosas chegaram à penitenciária federal de Mossoró, na regiõe Oeste do Rio Grande do Norte. Ao todo, foram 19 detentos que foram trazidos em uma operação especial para o presídio potiguar - 14 do Acre e 5 do Amazonas. A ação para entrega dos presos só foi concluída na madrugada da sexta-feira (13).
Na quinta-feira (12), presos apontados pelos setores de inteligência do Acre e do Amazonas como líderes de facções criminosas chegaram à penitenciária federal de Mossoró, na regiõe Oeste do Rio Grande do Norte. Ao todo, foram 19 detentos que foram trazidos em uma operação especial para o presídio potiguar - 14 do Acre e 5 do Amazonas. A ação para entrega dos presos só foi concluída na madrugada da sexta-feira (13).
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