O consumo de música nos
dispositivos atuais pode envolver o uso de arquivos diferentes do MP3, já que
os criadores do formato estão abandonando seu
programa de licenças. Entre os novos tipos de arquivos de áudio que
ganharam espaço há o FLAC e o AAC. Com propostas diferentes, atendem perfis de
uso e de consumo mais amplos, porém conflitantes: o FLAC destina-se a quem
exige máxima qualidade, abrindo mão do espaço, já que os arquivos tendem a ser
grandes. O AAC pode ser visto como uma opção mais convencional: arquivos de
tamanho reduzido, mas com qualidade de som superior ao velho MP3.
Entenda os pontos que diferenciam
os arquivos FLAC e AAC para saber qual dos formatos se adequa melhor às suas
necessidades.
Áudio lossless e lossy
Formatos digitais de arquivos de
áudio são divididos em dois tipos: lossless (do inglês, sem perda) e lossy (em
que, ao contrário, há perda).
Um arquivo do tipo lossless, como
WAV ou FLAC, tem como característica principal o fato de que o som armazenado
no pacote é fiel ao original: ou seja, no processo de conversão da faixa do CD,
toda a informação sonora referente à música foi preservada de forma íntegra,
sem perda nenhuma, garantindo alta fidelidade ao arquivo. O problema disso é
que o resultado é um arquivo grande: uma faixa em WAV pode ter mais de 40 MB.
O formato lossy refere-se a uma
abordagem em que a conversão do áudio original para o arquivo final (MP3, AAC e
etc) passa por um processo de compressão em que uma quantidade variável
(dependendo do bitrate escolhido) de informação é eliminada para garantir um
arquivo de tamanho menor. No caso do MP3, a proporção é de 10 para 1: um WAV de
40 MB retorna um MP3 de 4 MB, a 128 kbps.
Essa informação, eliminada nas
conversões tipo lossy, costuma ser definida automaticamente pelo software de
conversão a partir de preceitos teóricos relacionados às frequências que nossos
ouvidos são capazes de identificar. O problema dessa abordagem é que há ouvidos
e ouvidos, há dispositivos e dispositivos de som, e há músicas e músicas:
alguns detalhes das canções podem ser eliminados num MP3 ou AAC porque a
conversão os ignora.
E o que é bitrate?
De forma bem simples, é a
quantidade de informação executada numa determinada quantidade de tempo quando
você ouve a música. Se o arquivo tem 128 Kbps, significa dizer que, a cada
segundo, 128 kilobits de informação são executados. Se o arquivo tem 320 kbps,
são 320 kilobits por segundo. Quanto maior o valor, maior a amostra e, em
geral, maior a qualidade de som do arquivo.
FLAC: o áudio lossless
Arquivos de som do tipo FLAC são
convertidos a partir de originais usando um processo de compressão chamada de
lossless. Isso atesta que a compressão da música a partir de um CD, por
exemplo, não representa perda de informação: a qualidade de som representa de
forma fiel a experiência de ouvir a mesma faixa a partir de uma mídia.
A questão está no fato de que o
formato FLAC acaba ''cobrando um preço caro'' por toda essa qualidade. Em
primeiro lugar, os arquivos ficam maiores (uma única música pode ter mais de 20
MB de tamanho), restringindo a quantidade de faixas que você pode armazenar em
um player e trazendo dificuldades para quem consome música a partir de
streaming com o Tidal:
o peso do arquivo pode consumir seu plano e representar uma experiência ruim,
caso a sua conexão seja lenta e seja necessário interromper a reprodução para
carregar a canção.
Além disso, em geral, o usuário
não possui equipamentos de reprodução de som que realmente tirem proveito da
alta qualidade do FLAC lossless. O uso de fones de ouvido de baixa qualidade,
pareados com reprodutores de mídia inferiores, pode eliminar as vantagem
relativas à maior qualidade de um arquivo lossless, quando comparado com o MP3
ou AAC.
AAC é arquivo tipo lossy, mas é
melhor que MP3
O AAC se diferencia do FLAC de
forma bastante perceptível por conta da abordagem lossy. Músicas em AAC usam
processo de compressão que representa, sim, perda de qualidade de som a partir do
material original. Entretanto, do ponto de vista técnico, a qualidade de som
possível no AAC é superior do que no MP3, já que esse formato é mais recente e
conta com processos de conversão que são muito mais refinados do que os do MP3,
desenvolvido ainda nos anos 1980.
Essa característica — de oferecer
fatores de compressão similares do MP3, mas com áudio de maior qualidade —
encorajou a Apple
a adotar o formato no iTunes, esforço
que acabou tornando o AAC mais popular.
Em relação à discussão sobre FLAC
ou AAC, não há dúvidas de que o AAC é um formato interessante para quem
privilegia mais o espaço do que a fidelidade. Para a grande maioria dos
usuários, arquivos de áudio AAC com bitrates altos representam qualidade mais
que suficiente.
Qual é melhor, no fim das contas?
Se você valoriza a fidelidade do
som, possui bons equipamentos de áudio e espaço em disco não é um problema, o
formato lossless é a melhor alternativa: FLAC, ALAC e APE garantem máxima
qualidade de áudio. Nesse cenário, a discussão a respeito do AAC perde o
sentido, já que o ganho será apenas no tamanho do arquivo, mas com perda da
qualidade.
O AAC, no entanto, é uma boa
opção para quem não possui fones de ouvido ou sistemas de som de alta
qualidade. O AAC é, inclusive, um excelente formato para usuários que
acumularam uma grande biblioteca de MP3s de baixo bitrate, a 128 kbps. Em
geral, para usuários comuns e ouvintes menos exigentes, o AAC é um formato de
áudio bastante superior ao MP3 e bom o suficiente para quem abre mão dos
arquivos enormes em FLAC ou outros formatos similares para músicas.
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