A saída
dos Estados Unidos do acordo global do clima de Paris pode causar uma
elevação de 0,3 grau Celsius nas temperaturas globais até o final do século no
pior dos casos, disse uma autoridade da Organização Meteorológica Mundial (OMM)
nesta sexta-feira (2).
Deon Terblanche, diretor de
Departamento de Pesquisa Atmosférica e Ambiental da OMM, uma agência da
Organização das Nações Unidas (ONU), disse que o dado é uma estimativa, uma vez
que não foi realizado ainda nenhum modelo climático para medir o impacto da
decisão anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na
quinta-feira.
"Isto é 0,3 grau adicional
no aquecimento, devido à saída dos EUA", disse Terblanche em um boletim
periódico em Genebra. "Esse é o pior cenário, e provavelmente não é o que
irá acontecer".
O acordo de Paris, assinado por
quase 200 países em 2015, foi concebido para limitar
o aquecimento global a 2 graus ou menos até 2100, principalmente por meio
de metas de corte de dióxido de carbono e outras emissões da queima de combustíveis
fósseis.
A ONU descreveu a decisão de
Trump como "uma grande decepção para os esforços globais para reduzir as
emissões de gases de efeito estufa e incentivar a segurança global".
Nesta sexta-feira, o
secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, disse estar confiante de que, apesar
da saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris, sociedade
civil e empresas americanas permanecerão comprometidas com o meio ambiente.
Indagado se Trump está certo ao
dizer que os EUA continuarão a ser o país com a melhor postura ambiental do
mundo, Terblanche respondeu que o anúncio do presidente foi complexo e que exigirá
algum tempo para ser analisado.
Preocupação
"Em nível pessoal estamos
preocupados, como organização provavelmente não estamos tão preocupados
assim", disse Terblanche.
Trump argumentou que o rompimento
dos EUA faz sentido do ponto de vista econômico e que terá um impacto mínimo no
meio ambiente, mas não negou explicitamente que as emissões de carbono geradas
pelas atividades humanas estão causando a mudança climática.
"Dentro do governo Trump
obviamente há membros de destaque do governo que disseram muito abertamente que
a mudança climática é real, está acontecendo e é um grande problema que não irá
desaparecer se o ignorarmos", disse a porta-voz da OMM, Clare Nullis.
"Temos interações diárias
com cientistas dos EUA, trabalhamos muito, muito de perto com eles em todos os
níveis. Eles são alguns dos cientistas mais destacados do mundo. Agora, mais do
que nunca, é vital que a ciência contribua para a tomada de decisões",
acrescentou.
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