Refugiados buscam nova vida em Manaus



Manaus – Nesta terça-feira (20), celebra-se o Dia Mundial do Refugiado. A data tem o objetivo, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), de “celebrar a força, a coragem e a perseverança das pessoas que foram forçadas a deixar suas casas e seus países por causa de guerras, perseguições e violações de direitos humanos”. Manaus tem se tornado nos últimos anos um destino frequente de refugiados.
De acordo com dados da Delegacia de Migração da Polícia Federal (Delemig) do Amazonas, foram enviados, nos anos de 2015 e 2016, ao Comitê Nacional para os Refugiados (Conare), 1.350 pedidos de refúgio para permanecerem na capital amazonense, dos quais 800 são imigrantes da Venezuela, 300 do Haiti e 250 de Cuba.

Atualmente, segundo a Secretaria de Estado de Justiça e Cidadania (Sejusc), 520 indígenas da etnia Warao, da Venezuela, estão em Manaus em busca de refúgio por causa da crise política e econômica que vive o país.
Enersto Bueno ,36, é um dos imigrantes venezuelanos que vieram a Manaus em busca de melhores oportunidades de emprego e condições de vida para a família, composta por seus três filhos e esposa. De acordo com Enersto, na Venezuela faltam alimentos, empregos e médicos, o que dificulta a sua realização profissional.
“Eu vim a Manaus em busca de emprego porque a situação em meu país é muito difícil. Lá não tem emprego, falta alimento e médicos, então hoje eu estou aqui em Manaus procurando emprego para sustentar minha família, só que aqui em Manaus é muito difícil também, porque a gente não tem a documentação para poder trabalhar”, afirmou.
De acordo com o venezuelano, a conquista de um emprego o faria ficar em Manaus “Se eu conseguir um emprego pretendo ficar, pois tenho uma filha brasileira que pode me ajudar a ficar aqui”, explicou Enersto.
Outro exemplo é o de Simon Simosa, 57, um indígena venezuelano que veio à cidade por conta da falta de alimentos em seu país. Simon, está hoje abrigado em uma quadra do Serviço de Acolhimento Institucional de Adultos e Famílias, no bairro Coroado, na zona leste da cidade, afirma que procura emprego em diversas áreas e que se sente grato pelo acolhimento de brasileiros.
“Eu vim da Venezuela, pois não tenho condições de criar meus três filhos, e no meu país não conseguia comida, alimento, e, quando vim pra Manaus, percebi que a situação aqui está melhor do que lá. Eu fico grato pelos brasileiros que nos ajudam com a comida e com uma casa, que não tínhamos”, relembra.
Simon ressalta que, hoje em dia, procura na capital amazonense oportunidades de emprego em diversas áreas.
“Estou aceitando qualquer trabalho, como pedreiro, ajudante, caminhoneiro, artesão ou pescador, eu busco principalmente o sustento da minha família. Se eu conseguir emprego, eu fico. Porque na Venezuela a situação de emprego é muito difícil e não há comida. A gente está aqui por necessidade, principalmente pelas nossas crianças”, afirma Simon.
Reeducação
Graça Prola, secretária da Secretaria Estadual de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania (Sejusc), afirmou que o abrigo funciona como uma reeducação aos indígenas venezuelanos, para que possam ter novos meios de sustento na cidade. Serão oferecidos cursos para o aprendizado da língua portuguesa e o aprimoramento de artesanato. “A nossa previsão é que esse acolhimento dure aproximadamente 12 meses, porque eles dizem que não querem ficar, desde que melhore a situação econômica, social e política na Venezuela”, afirmou Prola.
Nova lei muda regras para imigração
Sancionada pelo presidente da república, Michel Temer, no mês passado, a nova Lei de Imigração busca garantir um tratamento humanitário para os estrangeiros que chegam ao Brasil e assegurar a assistência aos brasileiros que moram no exterior. A nova lei estabelece regras para a entrada e permanência de estrangeiros no Brasil, definindo direitos e deveres.
O projeto (PLS 288/2013) do senador licenciado Aloysio Nunes Ferreira (PSDB–SP) foi aprovado pelo Congresso Nacional e sancionado com uma série de vetos. Entre eles, o artigo que previa a anistia de quem entrou no país até 2016 e outro que garantia a livre circulação de povos indígenas e populações tradicionais em terras ocupadas por seus ancestrais.

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