Marubos ajudam Amazonas a conquistar o bronze no Wrestling

 

Luiza Moraes/COB

Meninos da tribo indígena fizeram parte da equipe do estado nos Jogos da Juventude

Na tarde desta terça-feira, 13 de setembro, foi disputada a competição por equipes do wrestling dos Jogos da Juventude Aracaju 2022. Uma das medalhas de bronze – a modalidade distribui dois bronzes –  foi conquistada pelo Amazonas. Na equipe, dois pequenos lutadores, Enoque e Maria Izabel, descendentes dos Marubo, tribo que vive no alto curso dos rios Curuçá e Ituí, da bacia do Javari, no sudoeste do estado.

Segundo o treinador da equipe, Wendel Barbosa, a contribuição dos dois foi decisiva. “Eles carregam nos traços indígenas o que um bom lutador de wrestling precisa: foco, coragem, fibra, determinação. Têm também seus rituais, de concentração, são ótimos lutadores. E ainda têm só 15 anos, estão lutando com adversários de 16, 17 anos”, comenta o treinador.

Os dois estudam na mesma escola e moram em Atalaia do Norte. Começaram a praticar o wrestling de forma semelhante, a partir do convite de um professor de Educação Física que viu neles o potencial para a modalidade. Pela primeira vez, os meninos Marubo participam de uma competição interestadual.

“Eu gostaria de participar de mais competições como essa, conhecer outros estados, outros países também. E conhecer novas pessoas, fazer amigos. É o que eu mais gosto no esporte”, diz um tímido Enoque da Silva Marubo.

Na sua luta pelo bronze por equipes, Maria Izabel aplicou um touche (golpe que encerra o combate) sobre sua oponente do Amapá e encerrou a luta em poucos segundos. Ela carrega pinturas dos Marubo por todo o seu corpo. Mas faz questão de apontar uma pintura em meio a tantas.

“É da tribo Kanamary, que é da parte da minha mãe. Então, eu sou uma mistura das duas tribos”, explica Maria Izabel Kanamary Batista, que diz gostar muito do esporte que pratica e de jogar futebol. Segundo ela, uma forma mais rápida de fazer amigos e se socializar melhor.

Luiza Moraes/COB


“Moro na cidade, né? E, nós, indígenas ainda sofremos muito bullying na escola, pelo nosso jeito, nossa língua”, conta a pequena menina, que compete na categoria mais leve, a de até 43kg. “Nós da tribo comemos muita farinha, eu adoro. Mas tive que cortar um pouco”.

A medalha de ouro da competição ficou com a equipe formada por atletas do Mato Grosso do Sul e do Espírito Santo e a prata com o Paraná. Pernambuco ficou com a outra medalha de bronze. 

 

Via cob.org.br


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