A Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentou, nesta sexta-feira (22), uma denúncia contra o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o blogueiro Paulo Renato Figueiredo, que estão nos Estados Unidos, por articularem sucessivas ações voltadas a intervir nos processos judiciais para beneficiar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o próprio Figueiredo.
A medida ocorre após meses de apuração da Polícia Federal, que já havia apontado a atuação de Eduardo nos Estados Unidos para buscar sanções contra o Brasil e contra ministros do Supremo em agosto. O parlamentar está fora do país desde março, em agenda política, e sua eventual transformação em réu pode comprometer o projeto de disputar a Presidência.
Jair Bolsonaro, que também era alvo do inquérito, não foi denunciado. Isso significa que a PGR não encontrou indícios de que ele também estava coagindo autoridades judiciais responsáveis pelo processo do golpe.
Agora, caberá ao STF decidir se aceita ou não a denúncia contra Eduardo e Paulo Figueiredo. Se for aceita, eles se tornarão réus em uma ação penal.
Denúncia da PGR
Segundo a PGR, a estratégia dos denunciados consistiu em ameaçar os ministros do STF com a obtenção de sanções estrangeiras, tanto para os magistrados quanto para o próprio Brasil . Para isso, eles se dedicaram a explorar suas conexões nos Estados Unidos, incluindo contatos com integrantes do alto escalão do governo norte-americano .
A denúncia aponta que a dupla viajou várias vezes para os EUA para articular essas medidas e se encontrou com políticos, como o Senador Bernie Moreno. As ameaças visavam a “livrar o ex-Presidente de mácula penal”.
A denúncia utiliza mensagens de WhatsApp apreendidas do celular de Jair Bolsonaro como evidência da trama. Em uma dessas mensagens, Jair Bolsonaro relata ao filho que “todos ou quase todos” os ministros do STF demonstram preocupação com as sanções.
A PGR aponta que Eduardo Bolsonaro atuou para garantir que apenas ele e Paulo Figueiredo tivessem acesso a autoridades dos EUA. A denúncia conclui que as ações tinham o objetivo de “sobrepor os interesses da família Bolsonaro às normas do devido processo legal e do bom ordenamento da Justiça”.
O MPF pede a condenação de Eduardo Bolsonaro e Paulo Figueiredo pelo crime de coação no curso do processo, em forma continuada, e a reparação dos danos causados .
Ações e defesa de Eduardo Bolsonaro
Na defesa de agosto, Eduardo Bolsonaro classificou como “absolutamente delirante” o crime apontado pela PF e criticou o que chamou de “vazamento vergonhoso” de diálogos com o pai, incluídos no relatório policial.

Eduardo Bolsonaro falando em conferência conservadora nos EUA (Foto: Saul Loeb/AFP)
O episódio acontece em um momento de atrito diplomático. O governo Trump impôs tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, abriu investigação contra o Pix e incluiu Alexandre de Moraes na lista da Lei Magnitsky, bloqueando bens do ministro. Tanto Trump quanto aliados como o senador Marco Rubio afirmam que Bolsonaro sofre uma “caça às bruxas” no Brasil.
A solicitação para investigar o caso partiu do procurador-geral da República, Paulo Gonet, em maio, quando pediu à PF que apurasse a possível articulação de Eduardo junto ao governo americano para retaliar Moraes, relator de processos que envolvem Jair Bolsonaro no STF.
Por:ICL Noticias
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