Operação policial deixa 64 mortos no RJ

Por Chico Alves
A polícia do Rio, comandada pelo governador Cláudio Castro, produziu nesta terça-feira (28) o maior morticínio de sua história, algo difícil de conseguir, já que em território fluminense os chamados agentes da lei costumam bater recordes macabros. Oficialmente, foram informadas 64 mortes em uma megaoperação contra o Comando Vermelho que mobilizou 2.500 policiais — quatro deles morreram em confronto.
A receita sangrenta usada por Castro, que ele chama equivocadamente de “política de segurança pública”, é a mesma que se repete há décadas sem sucesso nas favelas cariocas: matar, matar e matar. Como sabe qualquer habitante do Rio, essa banalização de execuções extrajudiciais não fez o tráfico recuar um milimetro. Ao contrário: as facções só avançam,os combates ficam mais sangrentos e os moradores sofrem ainda mais.
Apesar disso, do alto de sua incompetência, o governador Cláudio Castro aproveitou um dia trágico para o estado — talvez o mais trágico deles — para dar uma entrevista em que, no lugar de dar explicações sobre o massacre e tentar tranquilizar os cariocas que sofreram com as consequências da operação em todas as regiões da cidade, só usou os holofotes para fazer politicagem.
Ciente de que a pauta da Segurança Pública mobiliza os eleitores bolsonaristas que tenta cativar, ele elogiou a sua polícia e jogou a responsabilidade do caos para o governo federal.
“Tivemos pedidos negados 3 vezes: para emprestar o blindado, tinha que ter GLO, e o presidente [Lula] é contra a GLO. Cada dia uma razão para não estar colaborando”, reclamou Castro. Mas em seguida admitiu: “Não foram pedidas forças federais”.
Na mesma coletiva, o governador argumentou que fez uma operação de defesa. “Não é mais só responsabilidade do estado. O estado está fazendo a sua parte, sim, mas quando se fala em exceder, exceder inclusive as nossas competências, já era para estar tendo um trabalho de integração muito maior com as Forças Federais, o que nesse momento não está acontecendo”.
Providencialmente, o governador parece finge esquecer suas próprias palavras.
“Eu não preciso que ninguém entre com polícia nova no Rio. A minha polícia está estruturada. Eu preciso que os outros entes façam a sua parte para que o meu trabalho dê resultado”, declarou esse mesmo Castro, rejeitando ajuda em entrevista ao portal Metrópoles, publicada em março.
Enquanto nacionaliza a questão, esse mesmo governante rebateu em abril a ideia de colocar a Polícia Federal no combate direto ao tráfico. “Não são treinados para isso”, disse então.
Mas a julgar pela informação da própria polícia, seus agentes também não estão dando conta. Em entrevista concedida nesta segunda-feira (27) à Rádio CBN, porta-voz da Polícia Militar do Rio de Janeiro (PMERJ), a tenente-coronel Claudia Moraes foi sincera: “O que estou deixando muito claro é que essa situação que estamos enfrentando nessa região, principalmente nesse confronto de facções criminosas, excede a capacidade do Estado do Rio de Janeiro”, disse.
A fala politiqueira de que está abandonado à própria sorte pelo governo federal foi desmentida pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública, que informou ter atendido prontamente a todos os pedidos do governo do estado para o emprego da Força Nacional, além de a Polícia Federal ter realizado 178 operações no Rio neste ano, sendo 24 delas voltadas ao combate ao tráfico de drogas e armas.
O texto destaca também que a Polícia Rodoviária Federal tem promovido ações contra roubos de cargas e de veículos nas rodovias federais. Segundo o ministério, o estado do Rio tem recebido recursos federais para investimento no sistema penitenciário e na segurança pública, além de doações de equipamentos.
Mas a verdade ou a perplexidade da população pouco importam para Cláudio Castro, que em meio ao banho de sangue só se importa em fazer política.
Eleva ao máximo a matança que se repete há tempos nas favelas, rasgando as leis e implantando o terror sem melhorar em nada a segurança dos cidadãos.
É duvidoso que mesmo aqueles bolsonaristas do Rio de Janeiro, que comemoram operações como essas, se sintam mais seguros para circular pelas ruas da cidade depois de tantas mortes.
Para os moradores das comunidades pobres, resta limpar o sangue e seguir a vida sob um medo ainda mais angustiante do que tinham na véspera da matança.
Por:ICL Noticias



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