Novos critérios de avaliação da eficiência entram em vigor em 2026; guia explica as principais mudanças nas etiquetas de geladeiras e ares-condicionados e como elas afetarão o consumidor
A partir de 1º de janeiro de 2026, as geladeiras nacionais seguirão regras mais rígidas de eficiência energética estipuladas pelo Inmetro. A medida alinha o Brasil aos padrões globais e extingue a confusa subdivisão “A” (como A+++) das etiquetas, o que simplifica a leitura para o consumidor. Na prática, a norma torna os limites de consumo mais rigorosos e deve retirar do mercado os modelos que não atenderem aos critérios técnicos.
Embora a economia na conta de luz seja certa, a mudança suscita debates sobre o preço dos novos equipamentos. Para esclarecer se vale a pena a troca imediata, o TechTudo ouviu Alessandra Souza, engenheira da organização internacional Clasp. A especialista projeta o impacto financeiro das tecnologias emergentes e estende a análise aos ares-condicionados, que também atravessam um processo de modernização rumo à performance superior. Confira, a seguir, tudo o que você precisa saber sobre o tema.
Geladeira gasta muita energia por dia? Vários fatores influenciam no consumo, desde a capacidade até a eficiência do modelo; saiba o que vai mudar — Foto: Letícia Rosa/TechTudoGeladeiras mais eficientes? Entenda novas regras
A classificação energética das geladeiras mudará em 2026. A nova etiqueta do Inmetro promete aparelhos mais eficientes, afetando consumo de energia, preço e a escolha do seu próximo refrigerador. No índice abaixo, veja os pontos abordados na matéria:
O que muda na classificação energética das geladeiras?
As geladeiras vão consumir menos energia?
Os modelos atuais vão sumir?
Vai ficar mais caro comprar geladeira?
Devo trocar minha geladeira?
Como escolher a melhor geladeira em 2026
Ar-condicionado também vai mudar
1. O que muda na classificação energética das geladeiras?
A principal mudança está nos critérios de avaliação do consumo de energia. A nova etiqueta do Inmetro adotará parâmetros mais rigorosos, considerando não apenas o consumo mensal em kWh, mas também o desempenho do equipamento em relação ao seu volume, tipo de tecnologia e categoria.
Com isso, a classificação energética se torna mais exigente, alinhando-se aos padrões da Europa e dos Estados Unidos. Nesse sentido, modelos que hoje recebem a classificação A precisarão reduzir significativamente o consumo para manter essa nota. Além disso, a etiqueta ficará mais simples, eliminando as subcategorias A+, A++ e A+++. A nova escala vai de A, para os modelos mais eficientes, até F, para os que consomem mais energia.
Tabela Comparativa: mudanças na etiqueta do Inmetro
Categoria até dezembro de 2025 Nova Categoria (a partir de 2026) Status de Venda
A+++ e A++ Classe A Permitida
A+ e A Classe B Permitida
Classe B Classe C Permitida
Classe C Classes D, E, e F Proibida (a partir de 30/06/2026)
Fonte: Inmetro - Etiqueta Nacional de Conservação de Energia (ENCE)
'"Antes, existiam categorias como A, A+, A++, e A+++, que, na prática, não traziam diferenças perceptíveis para o consumidor. Um produto classificado como A parecia tão eficiente quanto um A+++. Isso acabava gerando mais confusão do que esclarecimento. Por isso, essa fase da mudança retoma as classes A, B e C em diante, tornando a informação mais simples e compreensível”, afirma Alessandra.
A especialista destaca outra mudança importante: a nova etiqueta permitirá ao consumidor comparar o consumo de energia entre aparelhos da mesma categoria. Antes, cada tipo de refrigerador (frost-free, congelador, manual, etc.) tinha índices próprios, dificultando identificar qual produto consumia menos apenas pela etiqueta.
Por exemplo, uma geladeira frost-free consome naturalmente mais energia que um modelo manual. Com a nova etiqueta, o frost-free pode aparecer como B, enquanto o manual é A. Isso não significa que o frost-free seja ineficiente, mas que agora ele é comparado corretamente com seus pares. Ou seja, se um frost-free receber a classificação A, significa que ele realmente se destaca dentro da sua categoria, oferecendo mais clareza e transparência ao consumidor.
A partir do dia 31 de dezembro de 2025, a indústria só poderá fabricar geladeiras com as novas regras de eficiência energética — Foto: Reprodução/Redes Sociais2. As geladeiras vão consumir menos energia?
Sim, pois a nova medida obriga os fabricantes a abandonar tecnologias ultrapassadas e a adotar soluções modernas, como compressores inverter, isolamento térmico eficiente e recursos inteligentes. Esses avanços ajustam o funcionamento do aparelho conforme a necessidade, evitam picos de consumo, mantêm a temperatura estável e conservam melhor os alimentos.
Em relação à conta de luz, a economia pode ser significativa. Por exemplo, em comparação com geladeiras fabricadas antes de 2022, os novos modelos com etiqueta A devem consumir 40% menos energia. Assim, um refrigerador de duas portas e cerca de 350 litros, que antes consumia 44 kWh/mês, passará a manter a classificação A apenas se consumir no máximo 14 kWh/mês, o que pode representar uma economia de R$ 20 a R$ 40 por mês.
Novo modelo da ENCE para geladeiras com implementação obrigatória até 31/12/2025 (para fabricação e importação). — Foto: Inmetro/Divulgação"Mesmo com um possível ‘rebaixamento’ de classe, isso não significa que haverá aumento do consumo de energia em relação ao que existe hoje. O produto continuará sendo eficiente, mas agora o consumidor conseguirá enxergar melhor as diferenças de consumo entre tecnologias distintas, algo que a etiqueta atual não permite”", explica Souza.
3. Os modelos atuais vão sumir?
A partir de 1º de janeiro de 2026, geladeiras que não cumprirem os novos requisitos mínimos de eficiência não poderão mais ser fabricadas ou importadas. Isso significa que alguns modelos atualmente à venda deixarão de ser oferecidos. No entanto, estoques produzidos antes de 31 de dezembro de 2025 ainda poderão ser vendidos pelo varejo até 30 de dezembro de 2026. A tendência, porém, é que o consumidor encontre cada vez menos opções antigas, já que o comércio varejista deve se adaptar rapidamente às novas regras.
Geladeira inverter geralmente consome menos energia que modelos de outras categorias — Foto: Reprodução/Pexels (Arina Krasnikova)4. Vai ficar mais caro comprar geladeira?
De acordo com a consultora do Clasp, no curto prazo é esperado um leve aumento nos preços, especialmente nos modelos de entrada, já que tecnologias mais eficientes têm custo de produção maior. No entanto, esse impacto tende a ser temporário, pois, com o ganho de escala, a adoção massiva das novas tecnologias e o aumento da concorrência entre fabricantes, os preços devem se estabilizar. Além disso, a economia na conta de luz ao longo da vida útil do produto pode compensar o investimento inicial mais alto.
Comércio terá até a metade de 2026 para vender o estoque de geladeiras com o padrão antigo — Foto: Divulgação5. Devo trocar minha geladeira?
De acordo com dicas da especialista, não há necessidade de troca imediata se a geladeira atual funciona bem. O consumo de energia não muda após a entrada das novas regras, já que a atualização vale apenas para produtos novos. Por outro lado, geladeiras antigas, especialmente com mais de 10 anos de uso, costumam ser muito menos eficientes. Nesses casos, a troca pode representar uma economia relevante na conta de luz e trazer benefícios como menor ruído, melhor conservação dos alimentos e recursos mais modernos.
Se a geladeira estiver funcionando bem, o consumidor pode planejar a troca do eletodoméstico — Foto: Divulgação/Esmaltec6. Como escolher a melhor geladeira em 2026
Com as mudanças nas regras de classificação de eficiência energética, escolher uma geladeira em 2026 exigirá mais atenção. A nova etiqueta do Inmetro traz critérios mais rigorosos e informações detalhadas, permitindo comparar modelos de forma mais precisa — desde que o consumidor saiba o que observar. Para uma escolha consciente, econômica e alinhada às novas normas, alguns pontos são essenciais:
Procure produtos com a classificação A: em 2026, a classificação “A” representará o mais alto nível de eficiência energética, equivalente ao antigo A+++. Ou seja, apenas os modelos realmente eficientes vão receber essa nota;
Verifique o consumo mensal (kWh): mais importante do que a letra é o número absoluto de consumo indicado na etiqueta. Quanto menor for o valor em kWh, menor será o gasto de energia ao longo do mês;
Use o QR Code da etiqueta: ao escanear o código com o celular, é possível acessar informações detalhadas sobre o modelo diretamente no banco de dados do Inmetro, facilitando a comparação entre marcas e versões;
Verifique a capacidade da geladeira: avalie o volume interno da geladeira conforme o tamanho da família e os hábitos de consumo;
Recursos tecnológicos: se o orçamento permitir, priorize modelos com recursos adicionais de economia, como modos inteligentes de funcionamento, inverter e bom isolamento térmico.
Além da etiqueta de energia, capacidade e recursos tecnológicos devem ser levados em consideração no momento da compra de uma geladeira — Foto: Reprodução/Freepik7. Ar-condicionado também vai mudar
A atualização das normas do Inmetro não se limita às geladeiras. Os aparelhos de ar-condicionado também entram em uma nova fase de exigências, com critérios mais rigorosos de eficiência energética, reforçando a política nacional de uso racional de energia elétrica. A mudança acompanha uma tendência já observada no setor: redução do consumo médio, avanço da tecnologia inverter e retirada gradual de modelos menos eficientes do mercado. O objetivo é estimular a oferta de produtos mais econômicos e ambientalmente responsáveis.
A principal mudança está no Índice de Desempenho de Refrigeração Sazonal (IDRS). Diferentemente de métricas anteriores, o IDRS avalia o consumo energético ao longo de um ano inteiro, considerando diferentes condições climáticas e padrões de uso, oferecendo uma visão mais realista do desempenho do equipamento. Atualmente, os aparelhos precisam atingir desempenho mínimo de 5,5 para a classe “A” da etiqueta do Inmetro. A partir de janeiro de 2026, essa exigência sobe para 7,0, tornando a tecnologia inverter praticamente padrão nos modelos residenciais que buscam a nota máxima de eficiência.
Novos aparelhos de ar-condicionado terão que ter IDRS acima de 7 para manter a classificação A — Foto: Letícia Rosa/TechTudoPor: Tech tudo
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