Após denúncia, Temer tenta manter normalidade e reforça audiências com parlamentares



Na manhã desta quinta-feira (18), dia seguinte à revelação da denúncia de que teria comprado o silêncio do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, o presidente da República, Michel Temer, tentou manter normalidade na agenda de trabalho no Palácio do Planalto, em Brasília.
O peemedebista chegou ao Planalto pouco antes das 8h e, em seguida, se reuniu com o coordenador da bancada do Acre no Congresso Nacional, senador Sérgio Petecão (PSD), e parlamentares do estado.
Apesar do clima de normalidade para esta quinta, o presidente reforçou as audiências com parlamentares. Ao todo, estão previstas 18 reuniões com deputados e senadores, muitos inclusive do chamado baixo clero --sem tanto poder político e de barganha dentro do Congresso.
Temer costuma receber parlamentares em seu gabinete no Planalto, porém, não com tantas audiências em um único dia. Para conseguir uma audiência com Temer, em geral, os parlamentares precisam fazer uma solicitação ao gabinete do presidente. Dependendo do prestígio do congressista, o tempo de espera para uma reunião no Planalto pode chegar a um mês.
Além das reuniões com os congressistas, a rotina do presidente inclui realizar despachos internos e se reunir com assessores e o núcleo duro do governo. Apesar de não ser formalmente instituído, esse grupo é composto pelos ministros mais próximos do líder do Executivo: Eliseu Padilha (Casa Civil), Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência) e Antonio Imbassahy (Secretaria de Governo).
Além de Petecão e a bancada do Acre, os parlamentares que devem se reunir com Temer nesta quinta são os senadores Flexa Ribeiro (PSDB-PA), José Maranhão (PMSB-PA), Benedito de Lira (PP-AL), Paulo Bauer (PSDB-SC), Davi Alcolumbre (DEM-AP), Deputado Simão Sessim (PP-RJ), Ciro Nogueira (PP-PI), os deputados Wilson Filho (PTB-PB), Mara Gabrilli (PSDB-SP), Fábio Faria (PSD-RN), Danilo Forte (PSB-CE), Toninho Pinheiro (PP-MG), Bruna Furlan (PSDB-SP), Alex Canziani Silveira (PTB-PR), Esperidião Amin (PP-SC), Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ) junto ao pastor Silas Malafaia e o deputado estadual Geraldo Pudim (PMDB-RJ).
Núcleo duro sai em defesa do governo
Os ministros do chamado "núcleo duro" do presidente Michel Temer gravaram vídeos para as redes sociais na madrugada desta quinta-feira, 18, fazendo a defesa do governo e dizendo que o País não pode parar.
A estratégia foi usada para rebater as acusações de que Temer teria dado aval para compra do silêncio do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), conforme acusou o executivo da JBS, Joesley Batista, em sua delação premiada.
Os vídeos foram gravadas por volta das 1h30 desta quinta-feira no Palácio do Jaburu, residência oficial de Temer. O presidente, que na quarta se manifestou por nota negando a versão do empresário, ainda não gravou, mas, segundo fontes do Planalto, o fará "no momento oportuno".
Compra do silêncio de Cunha
Joesley Batista, dono da JBS, afirmou à PGR (Procuradoria-Geral da República) que o presidente Michel Temer (PMDB) deu aval à compra do silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB) e do operador Lúcio Funaro, ambos presos na Operação Lava Jato. A informação foi divulgada pelo jornal "O Globo" nesta quarta-feira (17).
Temer ouviu do empresário Joesley Batista, da JBS, que ele estava dando a Eduardo Cunha e Lúcio Funaro, um dos operadores da Operação Lava Jato, mesada para que eles se mantivessem calados. O presidente, segundo o empresário, responde: "Tem que manter isso, viu?"
Ainda de acordo com o jornal, a conversa entre Joesley e Temer teria acontecido no dia 7 de março no Palácio do Jaburu. O empresário teria gravado a conversa com um gravador escondido. A filmagem do pagamento de propina faz parte do que se costuma chamar de ação controlada, forma excepcional de investigação policial.
O presidente Michel Temer (PMDB) afirmou, em nota divulgada pelo Palácio do Planalto na noite desta quarta-feira (17), que "jamais solicitou pagamentos para obter o silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha" e negou ter participado ou autorizado "qualquer movimento com o objetivo de evitar delação ou colaboração com a Justiça pelo ex-parlamentar".
O comunicado foi divulgado horas após a publicação de reportagem do jornal "O Globo".
Segundo o jornal Folha de S. Paulo, Temer confirmou a aliados que havia sabido da mesada a Cunha e que não havia apresentado objeção.

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