Jogo do poder


 INAMORNIA

DIRETRIZ DO EXÉRCITO EXPÕE DIVERGÊNCIAS DE OPINIÕES ENTRE MILITARES E BOLSONARO

Na contramão do que prega o Presidente em relação ao Covid-19, Exército cobra vacinação de seus membros e proíbe propagação de Fake News pelos militares 

Foto;Divulgação


A diretriz assinada pelo ministro do Exército, general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, exigindo a vacinação, distanciamento social, uso de máscaras e a proibição de espalhar fake News pelos seus subordinados estendida a familiares, traz a luz a discordância das lideranças do Exército em relação ao presidente Jair Bolsonaro, que vê nas forças armadas um reduto eleitoral alinhado com seu pensamento.

 

O Presidente desde o início da pandemia, vem pregando o oposto no enfrentamento da pandemia. É contra o distanciamento social, o uso de máscaras, medidas restritivas e contra a vacina. 

 

A decisão do ministro do Exército não foi uma medida solitária. Certamente foi uma medida aprovada pelo alto comando da força e confronta com as opiniões do chefe supremo das Forças Armadas, papel desempenhado por Bolsonaro como presidente da República, assinalado na Constituição.

 

Bolsonaro mostrou irritação com as medidas adotadas pelo comandante do Exército, criando outra frente de crise com os militares. A outra frente foi com o contra-almirante Antônio Barra Torres, médico e presidente da Anvisa por contra da aprovação de vacinação de crianças de 5 a 11 anos. O clima azedou.  

 

No ano passado quando exonerou o então ministro da Defesa Fernando Azevedo e Silva e os comandantes militares, Edson Leal Pujol (Exército), Antônio Carlos Moretti Bermudez (Aeronáutica) e Ilques Barbosa Júnior (Marinha), Jair Bolsonaro buscou comandantes militares ideologicamente mais alinhados a ele.

 

De certa forma as pretensões não se concretizaram. Mesmo criando situações embaraçosas como o desfile caricato de veículos militares fumacentos, o Presidente não obteve êxito na tentativa de obter apoio na semana de 7 de setembro, em sua cruzada contra o Supremo para criar instabilidade institucional e usar os militares em seu sonho de ditador bananeiro.

 

A decisão do ministro do Exército expõe a inarmonia na linha de pensamento entre os comandantes militares e o presidente.

 

Ao assinar as diretrizes o general Paulo Sérgio deu um recado ao presidente negacionista, de que está ao lado da ciência e não dos delírios negacionistas. Revela de certa forma que Bolsonaro conta com apoio circunscrito apenas a ala ideológica encastelada no Palácio do Planalto.

 

PÍLULAS

 

APOIO SEM ALINHAMENTO – A série de movimentações do vice-presidente da Câmara dos Deputados, deputado federal Marcelo Ramos, prestes a desembarcar do PL, junto a Prefeitura de Manaus, não pode ser interpretada como um alinhamento com o prefeito David Almeida (Avante) com vistas as eleições deste ano, pelo fato de o prefeito ser apoiador do presidente Jair Bolsonaro, a quem Ramos vem fazendo oposição.

 

DE MALA E CUIA – Marcelo Ramos que foi “convidado” a sair do Partido Liberal após a filiação de Bolsonaro, está pronto para desembarcar no PSD de Gilberto Kassab em nível nacional e do senador Omar Aziz no Amazonas de quem Marcelo está mais próximo. 

 

RENOVAÇÃO ¬– A provável aliança entre o governador Wilson Lima (PSC) candidato à reeleição e o prefeito de Manaus David Almeida (Avante) nas eleições de outubro, pode significar a consolidação do fim da hegemonia política de lideranças que se revezam no poder há 40 anos no Estado.

 

SABÁ OU ROTTA – Caso a aliança entre Wilson Lima e David Almeida com vistas as eleições deste ano, quem seria indicado candidato a vice-governador? O prefeito em exercício Marcos Rotta ou o secretário de Limpeza Pública, Sebastião Reis? As fichas estão em jogo.

 

Por: Eduardo Gomes - Jornalista

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