Cobiça mineral liga tarifaço de Trump a golpe de 1964


Governo dos EUA cresce o olho sobre terras raras do Brasil. O guru Darcy alerta: já vi esse filme, a democracia morre no final

@Divulgação

“Quantas toneladas exportamos/ De ferro?/ Quantas lágrimas disfarçamos/ Sem berro?” (Drummond)

Meu guru Darcy Ribeiro, mesmo lá no outro mundo, está sempre ligado nos assuntos terrenos. Ao ouvir falar na cobiça do presidente Donald Trump pelas terras raras brasileiras, epa!, nos mandou um sinal de alerta.

Aí tem, antenou-se o professor. E quando recebo as vibrações magnéticas do guru, corro imediatamente aos seus livros. É de lei.

Abri o meu esfarrapado e remendado volume de “Aos Trancos e Barrancos”. E as traças — minha inteligência artificial dos sebos — me levaram direto ao ponto.

Darcy mostra como multinacionais mineradoras dos EUA pressionaram o governo João Goulart e estavam envolvidas no Golpe de Estado de 1964.

Teoria da conspiração?

Paranoia delirante?

Darcy conta o caso como o caso foi: “Em 1962, o presidente João Goulart cancela o registro das jazidas de minério de ferro do chamado Quadrilátero Ferrífero de Minas Gerais, concedidas ilegalmente à Hanna Corporation através de averbações fraudulentas de autorizações de pesquisa, convertidas cartorialmente em Minas. O Brasil recupera, assim, a massa principal dos seus minérios de ferro”.

Com a decisão de Jango, não só a Hanna, mas centenas de empresas dos EUA se juntaram aos militares e empresários brasileiros no financiamento do golpe que se daria em 31 de março de 1964.

Logo que assumiu a bagaça, um dos primeiros presentes do ditador Castelo Branco aos EUA foi exatamente entregar as minas preciosas à multinacional norte-americana.

O principal consultor e intermediário da Hanna Corporation com os generais golpistas era o economista Roberto Campos, sócio da firma Consultec, que seria ministro do Planejamento de 1964 até 67.

Longe de ser paranoico, meu guru Darcy sabe que o olho grande de Trump nos minerais de terras raras do Brasil é um aviso do perigo político que corremos nessa hora.

Eles estão de olho no nosso lantânio, cério, praseodímio, neodímio, promécio, samário, európio, gadolínio, térbio, disprósio, hólmio, érbio, túlio, itérbio, lutécio, escândio e ítrio. Sem se falar no precioso nióbio de Araxá e arredores. Dona Beja que nos proteja!

Estes são os minerais presentes nos celulares, telas e em tudo que há de mais avançado em matéria de parafernália tecnológica no momento. O subsolo do Vale do Jequitinhonha está repleto dessa riqueza que a gente só ouviu falar — e olhe lá! — na tabela periódica.

Obrigado guru Darcy. E consultem sempre, leitores e leitoras, a bíblia chamada “Aos Trancos e Barrancos — como o Brasil deu no que deu”. Fácil de encontrar nos melhores sebos e sebistas do país.




Por: ICL Noticias

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