‘Mais do que horrível’: Israel mata crianças em ataque a escola de Gaza


Palestinos lamentam seus entes queridos mortos por ataque israelense à escola-abrigo Halima al-Saadiyah, em Jabalia, no necrotério do Hospital al-Shifa, na Cidade de Gaza, em 11 de julho de 2025 [Khames Alrefi/Agência Anadolu]

Ao menos oito pessoas foram mortas, incluindo crianças, em um bombardeio de Israel à escola-abrigo Halimah al-Saadiyah, em Jabalia, no norte de Gaza, reportaram fontes do Hospital al-Shifa que falaram à Al Jazeera. Diversas pessoas ficaram feridas.

Sobreviventes relataram um inferno: “A poeira cobriu toda área. Foi então que percebi que um ataque havia atingido este lugar”, recordou Abu Haitham Khalla, de pé sobre os destroços. “O pânico, o medo, o terror que varreram a escola foi aterrador. Havia umas mil pessoas deslocadas ali — tendas e salas de aula usadas como refúgio”.


“Até agora, conseguimos confirmar que dez pessoas morreram, além de muitos feridos — todos, mulheres e crianças”, acrescentou.

Ahmed Khalla, também testemunha, disse ter encontrado corpos no chão de uma sala de aula: “Crianças feitas em pedaços, carbonizadas. Mulheres que não fizeram nada. As cenas eram mais do que horríveis. Vi uma menininha sem cabeça — literalmente, sem cabeça”.

Ataques israelenses atingiram Halimah al-Saadiyah durante a madrugada, enquanto as famílias dormiam.

O correspondente in loco da Al Jazeera Ibrahim al-Khalili descreveu a cena posterior ao ataque como “sem precedentes”. “Diante da escalada israelense em curso, em diversas áreas de toda Faixa de Gaza, a situação vai de mal a pior”, observou.

“Essa escola abrigava milhares de palestinos forçados a deixar suas casas na zona leste de Gaza, após ordens de evacuação israelenses”, elucidou o jornalista. “Mas em vez de refúgio, o que encontraram foi morte e destruição”.


O retrato de al-Khalili é particularmente sinistro: “Cheiro de sangue por toda parte. Um ataque à meia-noite, quando todos dormiam, mortos onde pensaram estar seguros. A situação é catastrófica, muitos palestinos não têm para onde ir”.

Ataque a posto assistencial

Em um incidente paralelo, a Al Jazeera recebeu informações de ao menos dez mortos e 16 feridos perto do único posto de distribuição assistencial operante em Rafah, gerido pelo controverso mecanismo israelo-americano da chamada Fundação Humanitária de Gaza (GHF), denunciada por políticas de extermínio.

As vítimas foram transferida ao Hospital Nasser de Khan Younis, após serem baleadas à queima-roupa por franco-atiradores israelenses, notou o repórter da Al Jazeera Tareq Abu Azzom, radicado em Deir al-Balah, na região central.

“Locais me disseram que o pânico tomou conta do local durante o ataque”, alertou Abu Azzom, ao reiterar presença de agentes privados — isto é, mercenários — que abriram fogo em seguida para dispersas as multidões famintas e desesperadas.

“Essa montanha de mortos que não para de crescer reflete uma estratégia flagrante de Israel de causar mais e mais danos aos palestinos em busca de alimento”, notou Azzom. “As pessoas estão assumindo riscos para alimentar suas famílias, apesar do fato de que requerentes de ajuda estão sendo baleados no caminho”.



Nesta sexta-feira (11), o Alto-Comissariado das Nações Unidas para Direitos Humanos registrou ao menos 798 mortes nos postos assistenciais da GHF e próximas a comboios humanitários de entidades beneficentes, incluindo a ONU.

“Até 7 de julho, documentamos 798 assassinatos, incluindo 615 nos arredores de locais da GHF e 183, podemos presumir, a caminho de comboios assistenciais”, informou em Genebra a porta-voz da agência, Ravina Shamdasani.

As operações do GHF começaram no fim de maio.




Por: Monitordooriente

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